Santa Catarina: "A primeira reunião de um novo PCdoB"

 

A Comissão Política estadual do PCdoB-SC fez neste sábado (8) uma reunião ampliada que um dos presentes, João Ghizoni, caracterizou como "a primeira reunião de um novo Partido". A imagem, repetida por outros participantes, expressa o entusiasmo dos comunistas catarinenses com seu desempenho na eleição de outubro.

Remando contra a corrente que na reunião foi chamada de "onda azul", ou "bolha conservadora", o PCdoB-SC teve um notável crescimento. Elegeu o líder bancário e vereador de Chapecó Cesar Valduga deputado estadual, mantendo a cadeira na Assembleia Legislativa conquistada pela primeira vez em 2010. E obteve 88 mil votos para a hoje deputada estadual Angela Albino, que concorreu a deputada federal.

Angela obteve a segunda suplência em uma chapa que obteve nove cadeiras. O mundo político catarinense dá como certo que ela deve assumir como deputada federal já em fevereiro.

Mas o resultado de Angela (funcionária do Judiciário, com origem no movimento sindical) foi bem além, como mostram alguns dados apresentados na reunião. Ela foi a mulher catarinense mais votada, entre todas as que disputaram cargos nesta eleição. Foi também a segunda mais votada entre todas as mulheres do PCdoB que concorreram, em todo o Brasil, ultrapassada apenas pela fenomenal Manuela D'Ávila, que concorreu a deputada estadual no Rio Grande do Sul. Em Florianópolis, foi a segunda mais votada entre os candidatos de todos os partidos; perdeu apenas, por pouco, do veterano ex-governador Esperidião Amin (PP).

A reunião de sábado atribuiu este êxito ao acerto da tática eleitoral do PCdoB-SC. Após vários meses de robusto debate, democrático, aberto e aprofundado, na direção e na base, o Partido Comunista decidiu coligar-se com o governador Raimundo Colombo (PSD), que concorreu à reeleição. Não foi uma decisão automática, pois Colombo fora eleito em 2010 pelas forças conservadoras. Mas pesou decisivamente a decisão do PSD, e do governador pessoalmente, de apoiar a reeleição da presidenta Dilma Rousseff.

O resultado das urnas demonstrou a correção dessa tática. Colombo reelegeu-se no primeiro turno por uma escassa margem de 1,4%, em que os 88 mil votos de Angela tiveram um papel decisivo. Livre de um incômodo duelo no dia 26, com o tucano Paulo Bauer, ele engajou-se no apoio a Dilma e ajudou a decidir em favor da presidenta a votação de 26 de outubro (embora Aécio Neves tenha tido mais votos em Santa Catarina).

O PCdoB-SC destacou, na reunião, os desafios que este resultado apresenta para o crescimento e a estruturação partidária. "Agora é a hora da colheita", apontou o vice-presidente estadual da legenda, Jucélio Paladini.

*Bernardo Joffily
Vermelho/SC