Investimentos em estrutura impulsionam conquistas de atletas

Complexos multiesportivos, universidades, clubes e demais instalações oferecem equipamentos cada vez mais modernos para a prática de esportes de alto rendimento.

Atletas treinam na UnB para os Jogos Olímpicos de 2016 - Agência Brasil

Se depender dos resultados deste ano, os brasileiros podem ficar otimistas quanto ao desempenho do País nos Jogos do Rio 2016. De acordo com levantamento do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que leva em consideração apenas as provas olímpicas, ao longo de 2014, foram 24 conquistas, entre pódios em Campeonatos Mundiais ou competições equivalentes e posições de destaque nos rankings mundiais de diversas modalidades.

O avanço é grande quando se compara este ano, segundo do ciclo olímpico para os Jogos Rio 2016, com o de 2010, segundo para o ciclo olímpico para os Jogos de Londres 2012.

Há quatro anos, o Brasil obteve 15 conquistas, sendo oito pódios e sete posições entre os três melhores do mundo. Em 2013, o Brasil registrou 27 conquistas no circuito internacional, contra nove em 2009 (primeiro ano do ciclo olímpico para os Jogos de Londres 2012).

O País ainda conquistou resultados inéditos, como o título do Mundial de Natação em piscina curta. Em esportes como luta e tiro com arco, o Brasil alcançou a prata nos campeonatos mundiais. Ana Marcela Cunha e Alan do Carmo, ambos na maratona aquática, Maria Elisa e Juliana, dupla do vôlei de praia, Robson Conceição, boxe, Fabiana Murer, salto com vara, Martine Grael e Kahena Kunze, vela, terminaram o ano como os melhores em suas modalidades.

A meta para os Jogos do Rio de Janeiro é a de que o País fique entre os dez primeiros colocados nas Olimpíadas e entre os cinco nas Paraolimpíadas.

Estrutura

Parte dos resultados que o esporte brasileiro vem alcançando se deve à melhoria da estrutura de treinos e competições no País, além do incentivo a treinadores e atletas. O atletismo está atingindo um novo patamar nas universidades, clubes, instalações militares e complexos multiesportivos.

Já são 53 pistas oficiais com projetos em andamento (em construção, ou reforma, ou inauguradas) em todo o Brasil, com recursos do governo federal – R$ 312 milhões – e parceiros – R$ 36 milhões.

Em outra frente, foi inaugurado o Centro Pan-Americano de Judô, no município baiano de Lauro de Freitas, próximo a Salvador. Com 20 mil m², o local é o maior complexo do tipo nas Américas e servirá para o treinamento das seleções brasileiras da modalidade e para a aclimatação de judocas de outros países para os Jogos de 2016.

O espaço conta com alojamentos, auditório, academia, restaurante, piscina, salas de apoio e arquibancada para 1.900 lugares. Os investimentos foram de R$ 43,2 milhões.

A ginástica artística brasileira também ganhou Centros de Treinamento e equipamentos de excelência. Um exemplo está em São Bernardo do Campo (SP). A “Arena Caixa – Centro de Ginástica Marcel Francisco dos Santos” foi inaugurada oficialmente em novembro.

O local abriga atletas da seleção brasileira, como Diego Hypólito e Caio Souza, além de ser usado para o desenvolvimento da base do esporte no País.

O Ministério do Esporte adquiriu os equipamentos – cavalos, paralelas, barras fixas, pista de tumbling, tumbletrack, trampolins, jogos de colchões, argolas, traves, mesas de salto e tablado de solo – em uma parceria com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).

No total, foram aplicados R$ 7,3 milhões para equipar, pelo menos, 13 Centros de Treinamento da modalidade pelo País.

A arena de ginástica está integrada ao Complexo Esportivo e Educacional de São Bernardo, formado pelo Centro de Atletismo Professor Oswaldo Terra, Centro Esportivo da Vila São Pedro, Centro Educacional Unificado (CEU) Regina Rocco Casa e pelo futuro Centro de Desenvolvimento do Handebol Brasileiro, em fase final de construção.

Outras cidades também estão formando uma estrutura de excelência para diversas modalidades. Em Indaiatuba (SP), são nove projetos com investimentos do Ministério do Esporte. Um deles é o velódromo da cidade, obra que já teve a primeira etapa – a pista – concluída e que recebeu pouco mais de R$ 5 milhões do governo federal.

Para a segunda fase do projeto, está prevista a construção do Centro de Formação de Atletas de Ciclismo, que engloba a arquibancada para cerca de cinco mil pessoas e o bloco das equipes, com boxes, banheiros, ambulatórios, sala de imprensa, administração, cozinha, despensa, refeitório e terraço.

Até 2016, a expectativa do Ministério do Esporte é contar com quatro velódromos do mesmo nível pelo País. Além de Indaiatuba e Maringá, haverá uma pista em Pinhais (PR) e outra no Rio de Janeiro, que será utilizada durante os Jogos Olímpicos.

Universidades

As instituições de ensino superior também estão tendo os seus centros esportivos reformados. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebeu um parque poliesportivo, a Federal do Maranhão (UFMA) e a Universidade de São Paulo (USP) pistas de atletismo, enquanto a Universidade de Brasília (UnB) passou a contar com o primeiro Centro de Excelência em Saltos Ornamentais do Brasil.

O Parque Aquático Professor William Passos, na capital do País, tem uma piscina olímpica de 50m, uma semiolímpica de 25m, uma piscina de saltos ornamentais e um ginásio de treinamento no seco. Além disso, são duas plataformas de saltos (5m e 10m) e quatro trampolins (dois de 1 metro e dois de 3 mmetros).

A implantação do Centro de Excelência, a compra dos equipamentos e a contratação dos 11 profissionais para a equipe multidisciplinar foram resultado de um investimento de R$ 800 mil do Ministério do Esporte.

E não são apenas os locais de treinos e competições que estão recebendo mais investimentos. O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) ganhou novas instalações, que, assim como as antigas, estão localizadas na Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O LBCD segue como parte do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec), que congrega vários outros laboratórios satélites do Instituto de Química (IQ) da UFRJ. Além das obras, a compra de equipamentos, os mais sofisticados possíveis, faz parte dos investimentos federais que ultrapassam os R$ 140 milhões no projeto.

Excelência

Em fase final de construção, o Centro de Formação Olímpica do Nordeste (CFO) será uma das estruturas mais modernas do mundo para treinamentos e competições.

Localizado em frente à Arena Castelão, em Fortaleza (CE), o espaço abrigará o maior ginásio esportivo do Brasil – com cadeiras retráteis – multiuso e capacidade para 17.100 pessoas sentadas e 21 mil no total.

No local, ainda haverá camarotes, bares, salão e sala para transmissões, praça de alimentação e alojamento para até 248 atletas. O financiamento do centro é uma parceria dos governos estadual e federal.

O esporte paraolímpico também passará a ter um centro de excelência, que está em processo de construção e com previsão de entrega para o segundo semestre de 2015, em uma área de 90 mil m², em São Paulo.

O complexo servirá para atender de forma integrada 14 modalidades (atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, rúgbi em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa e vôlei sentado). O CT Paraolímpico também terá espaço dedicado à medicina esportiva e uma área residencial capaz de hospedar até 280 atletas simultaneamente.

Rede Nacional de Treinamento

Diversos centros de treinamento têm sido construídos por todo o País. Por meio da Rede Nacional de Treinamento (lei federal nº 12.395, de março de 2011), as obras propiciam mais condições de preparação aos atletas brasileiros que competirão nos Jogos de 2016.

Além de proporcionar outro patamar de estrutura para o esporte de alto rendimento, o legado dos Jogos Rio 2016 passa por estruturas para a base. Nesse sentido, os Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs) configuram outro pilar da Rede Nacional de Treinamento.

Ao todo, serão 285 obras, em 263 municípios, com estrutura para a prática de até 13 modalidades olímpicas, seis paraolímpicas e uma não-olímpica. O investimento total é de R$ 967 milhões, por meio do PAC 2.

Incentivos

O apoio para o desenvolvimento esportivo brasileiro também conta com a iniciativa privada, através da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE). Em 2013, mais de 700 mil pessoas foram beneficiadas de forma direta, com o investimento de R$ 229,2 milhões, o que representa um aumento de 8% em relação ao ano anterior.

A LIE permite que empresas e pessoas físicas invistam parte do que pagariam de Imposto de Renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. Empresas podem destinar até 1% desse valor e ainda acumular com investimentos proporcionados por outras leis de incentivo. O teto para pessoas físicas é de 6% do IR.

Recursos que beneficiam desde projetos educacionais, como o que é desenvolvido pelo Instituo Esporte e Educação na comunidade de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, até atividades promovidas pelas confederações, como a de canoagem, que tem um projeto voltado para 33 atletas divididos em duas modalidades: caiaque velocidade e canoa.

Desenvolvida pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), a academia é patrocinada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o valor de mais de R$ 3,5 milhões captados por meio da LIE. Os esportistas contam com acomodações, alimentação, transporte, estrutura de treino com raia, remo, embarcações, academia e laboratório científico, além de todo o suporte médico.

Formação

Clubes tradicionais na formação de atletas conseguem manter estrutura de ponta graças aos recursos da LIE. No Pinheiros (SP) são 16 modalidades olímpicas, do vôlei à esgrima, que desde 2008 receberam R$ 65 milhões.

Outra fonte de renda para os clubes vem de uma mudança na Lei Pelé, feita pela Lei 12.395/11, que incluiu a CBC como beneficiária de 0,5% do total da arrecadação das loterias da Caixa Econômica Federal ao lado do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB).

O governo abriu mão de porcentagem do que lhe cabe das loterias para os clubes. De 2011 a julho de 2014, o montante acumulado é de R$ 150 milhões, que se destina a subsidiar projetos de formação de atletas de base.

Fonte: Ministério do Esporte