Redução da jornada de trabalho aguarda votação há 20 anos na Câmara 

A Câmara dos Deputados analisa há exatos 20 anos uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a carga horária de trabalho de 44 para 40 horas semanais em todo o País. A última redução ocorrida no País foi na Constituição de 1988, quando as horas trabalhadas passaram de 48 para 44 horas semanalmente. 

Redução da jornada de trabalho aguarda votação há 20 anos na Câmara

A proposta de redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários foi apresentada por Inácio Arruda quando era deputado federal, em 1995. Desde julho de 2009, a proposta já está pronta para votação na Câmara, após ter sido aprovada com o apoio de todas as centrais sindicais e em clima de festa na Comissão Especial.

A matéria não foi a plenário para votação por resistência da bancada empresarial que é contrária à proposta. Para os deputados que representam os trabalhadores, se a proposta for a voto, será aprovada.

Em defesa da PEC, os parlamentares e sindicalistas citam estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioecômicos (Dieese), segundo o qual uma redução de quatro horas criaria cerca de três milhões empregos e aumentaria apenas 1,99% os custos totais das empresas. A redução da jornada de trabalho também representa ganhos na qualidade de vida dos trabalhadores, que teriam mais tempo para estudo e lazer, o que repercutiria positivamente na produtividade.

Ao defender a aprovação da matéria, Inácio Arruda disse que "os avanços tecnológicos, nos quais se investem bilhões, vêm permitindo ganhos de produtividade excepcionais, que precisam se materializar também junto aos trabalhadores, sob a forma da redução da jornada". E destacou que “não vale o argumento de que a redução terá impactos sobre o custo do trabalho, porque esse custo é muito pequeno no Brasil”.

Recomendação da OIT

O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), que relatou a proposta na comissão especial, destaca que a Convenção 47 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomenda 40 horas semanais como carga horária adequada para os trabalhadores.

“Já está provado que a redução da jornada de trabalho não traz prejuízo para os empresários”, sustenta. “Ocorreu a redução em 1988 (de 48 para 44 horas) e em 10 anos as empresas cresceram 113%”, completou.

Apesar de todos os argumentos favoráveis à proposta, o empresariado mantém resistência. Para os patrões, a Constituição já permite a redução da jornada por meio da negociação coletiva, não havendo necessidade da mudança. Além disso, segundo eles, a medida seria prejudicial para micros e pequenas empresas, que não teriam como arcar com o aumento de custos em razão da redução.

Para passar a valer, a PEC que reduz a jornada de trabalho precisa ser aprovada em dois turnos nos Plenários da Câmara e do Senado.

Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara