Especial Março Mulher: Vanessa defende o fim da sub-representação

“Não podemos considerar que há uma democracia efetiva em um país que mais da metade dos eleitores são mulheres, mas ainda testemunhamos uma sub-representação feminina na política”, declarou Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM), em entrevista à Rádio Vermelho, ao falar sobre a centralidade da luta das mulheres no combate à sub-representação.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho, com agências

Vanessa defende o fim da sub-representação

Vanessa, que também é Procuradora da Mulher no Senado, está engajada na luta para mudar esse cenário. Segundo ela, "com esse tipo de política eleitoral que temos no Brasil a mulher nunca vai alcançar o seu espaço. Primeiro, porque os partidos são comandados por homens, a mulher quase não tem espaço dentro dessas agremiações; e, segundo, que o acesso ao financiamento é para eles também, não chega a elas", relatou.

Vencer o conservadorismo

Em entrevista à Rádio Senado, a historiadora Tânia Navarro afirma que a sub-representação é fruto de uma sociedade ancorada em uma cultural conservadora e patriarcal semeada desde a origem do Brasil. Esse fato, defende a historiadora, explica o cenário político marcado por poucos nomes femininos na vida pública e revela uma tradição cultural que precisa ser superada.

"Não existe um hábito cultural na educação das mulheres de fazer com que elas participem da lide política e das perspectivas de ação pública, ação política. Quando se diz homem público, você vê um homem que trabalha na política, quando se diz mulher pública, você vê uma prostituta… As meninas desde a sua infância não são educadas, construídas socialmente pra ter uma ação no domínio do público. A partir dos anos 60, dos anos 70, quando os feminismos começaram a trazer uma consciência maior para as mulheres, houve um ingresso maior também na cena política", afirmou a especialista.

Pesquisa do DataSenado divulgada no final do ano passado, indica que as percepções dos brasileiros acerca da dificuldade que as mulheres enfrentam para concorrer. Para a maioria, a falta de interesse por política e a falta de apoio dos partidos políticos são os principais motivos da pequena participação da mulher na política.

A mesma pesquisa revela que 12% das mulheres já pensaram em se candidatar, mas não se candidataram; e 87% nunca pensaram em se candidatar.

Eleições em 2014

Pesquisa aponta que nas eleições de 2014 o número de deputadas estaduais e distritais diminuiu 14,89% ao se comparar as representantes eleitas este ano e as atuais bancadas. Em 5 de outubro, foram eleitas 120 mulheres, contra 141 hoje nas 26 assembleias estaduais e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

O número de eleitas representa apenas 11,33% do universo total de deputados estaduais e distritais – a bancada atual representa 13,31%. Ou seja, tanto na legislatura atual como na próxima, a representação popular será predominantemente masculina.


Ouça também:
PCdoB: Luta pela emancipação feminina é central para o desenvolvimento
Liège Rocha sobre luta das mulheres: "Sim, nós podemos"
Contra oposição, Mulheres Classistas se preparam em defesa do Brasil