A mentira sobre Dilma: o arquivamento que não está nos arquivos

A repórter Débora Bergamasco, do Estadão, foi, até agora, a única que, a ter a decência de reproduzir o despacho do Ministro Teori Zavascki que literalmente descarta que esteja sendo sequer arquivada uma denúncia feita em relação a Dilma Rousseff, como os nossos covardes jornais registraram por um bom tempo.

Por Fernando Brito*, publicado no Tijolaço

Estadão sobre Dilma

Nem mesmo se recusou a investigação de Dilma por qualquer restrição constitucional que o exigisse.
Simplesmente não existia nada.

Diz o ministro, em seu despacho, que, diante da narrativa dos fatos, “constata-se que o procedimento foi instaurado exclusivamente em relação a Antonio Palocci Filho, porquanto, em relação a “referência a envolvimento indireto” (fl. 68) da campanha da Presidente da República, o próprio Procurador-Geral da República já adiantava excluir, dos elementos à vista, conclusão que conduzisse a procedimento voltado à Chefe do Poder Executivo. Portanto, a rigor, nada há a arquivar em relação à Presidente da República”.

O documento está na internet e de posse de todos os jornais, que preferem ignorá-lo.

Às favas com os escrúpulos, com já disse uma vez Jarbas Passarinho.

Nunca o jornalismo brasileiro esteve tão desgraçadamente entregue à conspiração política e, pior, já que depois de pouco mais de três meses da eleição de um governo pelo voto popular, de forma tão indisfarçada adubando os cogumelos golpistas.

Inexiste, está claríssimo, qualquer acusação de participação de Dilma em corrupção, mas é preciso construir o clima de que ela está “sob investigação” ou, se não está, que se encontra “sob suspeita”.

Não é nem parecido com o que ocorreu com Aécio Neves, um arquivamento que, dependendo de mais provas, cancela-se. Omitindo-se, porém, que há menções ao recebimento, por ele, de dinheiro escuso.

*Fernando Brito é jornalista e editor do Tijolaço