Julian Assange espera por interrogatórios depois de mil dias 

A petição da promotoria sueca aos advogados do fundador do Wikileaks, Julian Assange, para ser interrogado na Embaixada de Quito em Londres, põe uma luz de esperança para o australiano, que está há mais de mil dias asilado no local. 

Julio Assange

Assange aceitará ser interrogado por magistrados suecos na sede diplomática equatoriana em Londres. Cooperaremos, declarou o advogado do jornalista, Pers Samuelsson, lembrando que o pedido foi feito por seu cliente há quase três anos.

Agora, indicou a defesa de Assange, a Suécia pensou diferente e a promotora Marianne Ny externou a disposição de ir para Londres e dialogar com o suposto imputado.

Assange encontra-se preso em um limbo jurídico porque as autoridades locais negaram-lhe um salvoconduto para viajar à nação sul-americana.

Sobre o inconveniente, o próprio Assange expressou que "foram mil dias difíceis. Não tanto por mim, mas pela minha família".

O fundador do portal Wikileaks permanece enclausurado na sede diplomática equatoriana para evitar uma possível deportação aos Estados Unidos, onde enfrentaria acusações sancionadas com fortes castigos e até a pena de morte.

"Passa o tempo e minha situação legal e política converteu-se em uma injustiça óbvia e notória", disse Assange em declarações divulgadas pela rede Telesul.

O homem de 43 anos está acusado na Suécia de supostos delitos sexuais que, segundo ele, são um pretexto para que se consiga sua extradição para Estocolmo, cujas autoridades o entregariam para Washington.

Os Estados Unidos perseguem o australiano desde que sua página Wikileaks – que está fechada – publicou milhares de documentos secretos que revelam as violações cometidas pela Casa Branca em temas como as guerras do Iraque e do Afeganistão.

EQUADOR PRONTO PARA COLABORAR, AINDA QUE CRÍTICO PELA DEMORA

O Equador mostrou sua disposição para conceder facilidades à promotoria sueca a fim de que se interrogue Assange na Embaixada de Quito em Londres.

O presidente equatoriano Rafael Correa assegurou que o gesto da Suécia teria que ter acontecido desde que o jornalista australiano se asilou na embaixada em Londres.

O mandatário recordou que o acusado leva dois anos e meio confinado na embaixada equatoriana no Reino Unido, ante a negativa local de lhe conceder um salvoconducto para viajar à nação sul-americana.

Ainda que Correa tenha cumprimentado a decisão das autoridades suecas, esclareceu que a determinação poderia ter sido tomada desde o início e não só quando o caso está para prescrever.

De todas as formas, enfatizou que o país sul-americano continua disposto a colaborar com as autoridades suecas para facilitar a defesa do internauta, de acordo com seus direitos processuais.

A chancelaria equatoriana qualificou de injusto o tempo que Assange está asilado na sede diplomática sul-americana, como consequência da inação da promotoria sueca, o qual o priva de sua liberdade, sem acusações no Reino Unido. Determinou que isso constitui uma violação de seus direitos humanos, o que teve um grande custo pessoal para ele e para sua família; no entanto, manteve sua posição de cooperação judicial.

O país sul-americano -destacou- continua disposto a colaborar com as autoridades suecas para facilitar a entrevista do australiano de acordo com seus direitos processuais.

Em declarações à imprensa, o chanceler, Ricardo Patiño, acentuou que a Suécia não precisava deixar passar dois anos e meio para decidir tomar as declarações do jornalista australiano.

Sobre o oferecimento do Equador para facilitar o interrogatório desde 2012, Patiño argumentou que mandou a disposição por escrito, verbalmente, de todas as formas, e os advogados de Assange também.

Em sua opinião, o chanceler equatoriano considerou vergonhoso e lamentável que a promotoria sueca concorde em fazê-lo agora quando o suposto delito está a ponto de prescrever, e considerou que o tema deveria ser tratado no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Ao mesmo tempo, o fundador do site Wikileaks ainda espera para prestar declaração diante da promotoria sueca desde sua clausura na embaixada do Equador em Londres.

Fonte: Prensa Latina