Bancos lucram R$ 60,3 bilhões; Cifra compromete desenvolvimento

Estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o desempenho dos bancos em 2014 aponta que setor registrou crescimento de 18,5% em seus lucros, com montante de R$ 60,3 bilhões.

banco central - Reprodução

Em entrevista à Rádio RBA, Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese destaca que o crescimento do setor bancário foi "expressivo", ainda mais se consideradas as dificuldades enfrentadas pelo país na economia.

Segundo o diretor do Dieese os dados revelam uma grave distorção, o que compromete o desenvolvimento econômico do país. "É uma correção urgente que precisamos fazer na nossa trajetória econômica, se querermos ter um crescimento sustentado e sustentável pela atividade produtiva."

O maior lucro foi verificado no banco Itaú, com mais de R$ 20 bilhões, seguido pelo Bradesco, com de mais de R$ 15 bilhões. O Banco do Brasil registrou lucro da ordem de R$ 11 bilhões e a Caixa Econômica, R$ 7,1 bilhões. O Santander ficou com R$ 5,9 bilhões. "Os bancos têm, hoje, quase R$ 5,3 trilhões em ativos totais e um patrimônio total da ordem de R$ 370 bilhões", destaca Ganz Lúcio.

Em dezembro do ano passado, o total de ativos dos cinco maiores bancos do país atingiu o expressivo montante de R$ 60, 3 bilhões, com evolução de 14,4% em 12 meses. Há o registro ainda de que o patrimônio líquido dessas instituições cresceu 18,4% no período, atingindo R$ 370 bilhões.

Alta dos juros, parceiro fundamental

O estudo ainda aponta que um dos fatores responsáveis por esse resultado foi a expressiva elevação das receitas com Títulos e Valores Mobiliários, decorrente das sucessivas elevações da taxa Selic no ano passado. Na busca pela chamada "eficiência operacional", os bancos privados nacionais deram continuidade ao fechamento de postos de trabalho, embora em ritmo menor que nos anos anteriores.

Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil seguiu a mesma tendência, enquanto a Caixa Econômica Federal continua sendo a única instituição financeira com forte geração de emprego e concomitante melhora nos índices de eficiência.

Caixa mais forte

O relatório do Diesse ainda aponta que, entre os grandes bancos, a Caixa permanece se destacando. Entre 2013 e 2014, os ativos da instituição terem crescido 24% e o patrimônio líquido, 76,1%.

Um dos motivos para o forte crescimento do patrimônio líquido do banco ocorreu a partir de julho do ano passado, quando a Caixa teve um aporte de capital da ordem de R$ 27,9 bilhões por parte do Tesouro Nacional, na forma de instrumento híbrido de capital e dívida, conforme resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).

O levantamento do Dieese alerta que, com o objetivo de melhorar o Índice de Eficiência, frente ao quadro econômico nacional e internacional e do aumento das exigências de capital impostas pelo Acordo de Basiléia III, os grandes bancos privados fizeram uso do expediente de corte das despesas com pessoal, por meio da redução de postos de trabalho, e aumento das receitas com tarifas bancárias. Por outro lado, a concessão de crédito foi bastante conservadora.

Em sentido oposto, os bancos públicos, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, reduziram o ritmo da oferta de crédito em relação aos patamares que vinham sendo praticados desde o início da crise internacional, para assim se adequar a uma conjuntura de desaceleração da atividade econômica e às novas exigências regulatórias.

O estudo observa ainda que, apesar disso, a Caixa manteve a estratégia de expansão, ainda que em ritmo menor, cuja atuação tem sido aumentar a estrutura de atendimento e ampliar a cobertura pelo país. Segundo o Dieese, "a Caixa mostra ser possível melhorar o Índice de Eficiência com ampliação de postos de trabalho, mediante o aumento da participação na oferta de crédito na economia".

Acesse a íntegra do relatório.

Da Rádio Vermelho,
Joanne Mota, com informações da RBA e da Contraf.