CTB debate os desafios de organização da classe trabalhadora

O seminário Dilemas e Desafios para a Classe Trabalhadora, da CTB, busca debater os rumos e as ações do movimento sindical para este momento complexo da conjuntura política nacional. Na manhã desta quinta-feira (9), a entidade fez um ato em apoio aos trabalhadores da Venezuela, com a participação do cônsul Robert Torrealba e em seguida realizou um debate sobre a organização do movimento sindical.

Por Mariana Serafini

Seminário da CTB - Mariana Serafini

“Um quadro de aguda crise e profundo acirramento da luta de classes”, foi assim que o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, definiu o atual cenário político e a partir disso apresentou os desafios postos à classe trabalhadora para garantir os direitos já conquistados e aprofundar as mudanças.

O dirigente cetebista fez uma ampla apresentação do cenário mundial no qual a luta sindical está inserida e não pode ser dissociada para não cair na instrumentalização da direita. “Cresce o desemprego em todo o mundo, a ofensiva bélica, as agressões aos povos, aumentam as tropas militares, o esquema de espionagem nunca esteve não presente, a vida passou a ser um verdadeiro reality show observado pelo imperialismo, não tem sido fácil”. Diante deste cenário complexo, Adilson afirma com empolgação que a CTB é uma central vitoriosa por conseguir crescer e se fortalecer neste período.

Segundo ele, é a central que mais cresce no Brasil, e com isso também aumentam as responsabilidades. “Nada mais justo do que uma organização classista lutar para defender o governo da presidenta Dilma, não perder direitos e garantir avanços. O movimento sindical vai ter que siar da apatia”, enfatizou. Para Adilson, é fundamental neste momento que as centrais sindicais estejam unidas para fortalecer a luta pela garantia de direitas.

Uma frente ampla e democrática dos partidos progressistas e movimentos sociais com objetivo de defender a democracia, a Petrobras, a engenharia nacional e o crescimento econômico com garantias sociais também é vista com bons olhos pelo dirigente sindical. Para Adilson a grande questão deste momento é que o povo venceu as eleições, mas perdeu a política, isso porque o Congresso Nacional é o mais conservador desde 1964 e não está hesitando em propor aprovar medias que atingem diretamente os trabalhadores e a população mais pobre.

Adilson critica a ofensiva da direita de tentar manter um terceiro turno interminável onde a governabilidade da presidenta Dilma está cada vez mais afetada. "Esse processo parece não terminar, nós estamos dizendo ao governo que é preciso fazer um acordo para melhorar essa situação da crise. E para isso nós vamos ter que colocar muito povo na rua e mudar a mira para o Congresso Nacional”.

A orientação do dirigente é fortalecer as bases e ganhar as ruas cada vez com mais força para impor a agenda do povo brasileiro e derrotar a ofensiva da direita instrumentalizada pelo imperialismo que tenta golpear todo o continente. “Vamos tentar dialogar com o governo e contribuir com a unidade da esquerda, dos movimentos sociais e dos partidos progressistas para fortalecer este projeto. Claro que este não é o projeto dos nossos sonhos, nós defendemos os socialismo, mas precisamos seguir neste rumo progressista”, orientou.


Adilson Araújo, presidente nacional da CTB | Foto: Mariana Serafini 

Alertou a militância a trabalhar “com todas as energias” para evitar o retrocesso. “O Eduardo Cunha vai sim liderar essa agenda de maldades com o apoio do Paulinho da Força, e cabe a nós explorar estas contradições, mas sem misturar água com óleo: o Paulinho hoje é um algoz, um líder sindical a serviço do neoliberalismo”.

Logo depois da exposição, Adilson partiu para uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, cujo objetivo é debater o projeto de lei que regulamenta a terceirização irrestrita do trabalho. O PL foi aprovado pelo Congresso Nacional na noite desta quarta-feira (8) e a classe trabalhadora começa a se preparar para um grande ato no dia 15 de abril.

A mesa foi composta por dirigentes sindicais de diversos segmentos, entre eles, dos trabalhadores rurais, marítimos, servidores públicos, educadores da educação privada e outros. A atividade contou com a participação de lideranças regionais de todo o Brasil.

Solidariedade à Venezuela

No início da manhã a entidade realizou um ato em solidariedade à Venezuela com a participação do cônsul Robert Torrealba. O secretário de Relações Internacionais da CTB, Divanilton Pereira leu o manifesto elaborado pela central que, depois de assinado pelos dirigentes, será encaminhado ainda nesta quinta-feira (9) à Cúpula da Américas, realizada no Panamá. O documento rechaça a posição dos Estados Unidos que recentemente classificou a Venezuela como uma “ameaça”.


O ato contou com a participação de dirigentes de todo o Brasil | Foto: Mariana Serafini 

No manifesto a entidade condena as investidas golpistas do imperialismo que buscam desestabilizar a Venezuela, apoia o governo legítimo do presidente eleito democraticamente Nicolás Maduro e se solidariza com a classe trabalhadora venezuelana. o dirigente destacou que a solidariedade internacionalista com a classe trabalhadora é um dos princípios da entidade e por isso estão atentos ao que se passa atualmente no país vizinho.

O cônsul Robert Torrealba, por sua vez, agradeceu o ato solidário da central e destacou que o presidente Nicolás Maduro foi uma liderança importantíssima do movimento sindical na Venezuela. Afirmou que a ameaça dos imperialismo está presente, não só em seu país, mas também na Argentina e no Brasil, e isso está acontecendo porque a América Latina ousou lutar por sua soberania administrar seus recursos naturais sem a interferência estadunidense.


Cônsul da Venezuela, Robert Torrealba | Foto: Mariana Serafini 

“Com a eleição do presidente Hugo Chávez nós abrimos uma década de esperança na América do Sul e não podemos nos deixar abalar. Vamos permanecer em constante alerta”, disse.

O evento encerra na tarde desta quinta-feira (9) com uma reunião dos dirigentes da CTB.

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Do Portal Vermelho