Na CPI, Vaccari reafirma que todas as doações ao PT foram legais

Após exaustiva interpelação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, nesta quinta-feira (9), o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, negou veementemente, por mais de 7 horas, que tenha intermediado doações ilegais em contratos de fornecedores da Petrobras para financiar campanhas do seu partido. Vaccari reafirmou que todas as doações que o partido recebe são legais, feitas por transações bancárias e com prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Vacarri na CPI - Agência Brasil

Antes de os deputados iniciarem as perguntas, Vaccari apresentou dados baseados em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo apontando que, nas duas últimas eleições, a distribuição de doações de empresas investigadas pela Operação Lava Jato ficou equilibrada entre os principais partidos como o PMDB 24%, PT 23%, PSDB 20% e PSB 14%.

Afirmações feitas na delação premiada não são verdadeiras

Em resposta a parlamentares, Vaccari repetiu que não são verdadeiras as declarações que o ex-gerente da Diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco fez a seu respeito na delação premiada. Ele negou também ter tratado com Barusco de assunto relacionado a finanças. “Minha relação com ele sempre foi casual e sem nenhuma intimidade”.

Sobre o doleiro Alberto Yousseff, Vaccari disse que o conheceu casualmente, há muitos anos, e que não teve qualquer tipo de negociação financeira com ele.

“As afirmações que são feitas na delação premiada sobre minha pessoa não são verdadeiras”, repetiu Vaccari, em resposta aos questionamentos dos parlamentares.

Vaccari disse que o PT não possui nenhum imóvel ou avião e que os carros usados pelo partido são de leasing (contrato de arrendamento). Segundo ele, os bens da legenda se restringem a móveis de escritório. “O partido não tem imóveis, os carros são leasing e não temos aviões. Temos móveis de escritório”, afirmou Vaccari.

“Eu não tenho conta em nenhum banco no exterior. Tenho apenas uma conta corrente e um cartão de crédito aqui no Brasil”, afirmou, acrescentando que o PT também não possui conta no exterior.

Abuso de autoridade

Entre os mais virulentos durante a sessão estava o deputado tucano Carlos Sampaio (PSDB-SP), que teve um acesso de fúria e histrionismo. Ele foi coordenador jurídico da campanha de Aécio Neves em 2014. Aliás, Sampaio tem dado demonstrações claras de descontrole nos debates.

Ao interrogar Vaccari, antes de todas as perguntas o líder do PSDB na Câmara fazia um discurso cheio de ironias e acusações. Como um inquisidor de tribunal de exceção, Sampaio impedia a resposta de Vaccari antes mesmo de começar a falar.

O desespero de Sampaio era porque Vaccari não dava a resposta que ele queria ouvir. Interpelava o tesoureiro do PT e insistia que ele respondesse “sim" ou "não" às suas perguntas. A partir daí, a sessão passou a ser de ‘piti’. “Eu não sou moleque para ficar perdendo tempo com respostas assim. O senhor é amigo íntimo do Pedro Barusco, sim ou não?”, sapateou o tucano.

Sampaio questionou se foi o “currículo criminoso” do petista que fez o partido convidá-lo para ser tesoureiro. Diante da resposta de Vaccari de que foi eleito pela legenda para ocupar o cargo, Sampaio ficou enfezado: “O senhor tem tudo para ser preso e o PT, para ser extinto”.

Diante do desrespeito ao direito constitucional de ampla defesa, os deputados presentes na CPI interferiram pedindo questão de ordem contra o tucano, alegando que ele não podia obrigar o depoente a responder no tempo em que ele escolhesse. Contrariado, Sampaio se retirou da sessão.

Vaccari jogou um balde de água fria na oposição tucana e na grande mídia, pois abriu mão do direito constitucional de permanecer calado, garantido por uma habeas corpus, e depôs na CPI respondendo todas as perguntas e demonstrando disposição de esclarecer qualquer dúvida dos deputados.

Também com ofensas graves ao interrogar Vaccari, o Delegado Waldir (PSDB-GO) acusou o tesoureiro do PT de “maior corrupto e ladrão da história do país” e disse que o PT “patrocina a corrupção”.

Respostas às agressões

O deputado Sibá Machado (PT-AC), líder do PT na Câmara, chamou a atenção dos membros da CPMI para a “a tentativa dos tucanos de incriminar o meu partido”, que, segundo ele, “é o debate de fundo e venho alertar mais uma vez a essa Casa.”

Para o líder petista, “o objetivo central do PSDB é a cassação do registro do PT e saímos do foco da CPI para outra dimensão, o que é prejudicial para o equilíbrio democrático”, afirmou, alertando que a democracia no Brasil é uma criança que está dando os primeiros passos, para evitar que discursos golpistas como o que foi feito pelo líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), não prosperem.

“Tudo que é autorizado pela lei e arrecadado pelo meu partido está registrado, aceito e aprovado pelo TSE e TREs e no caso do ano passado, por unanimidade”, alegou Sibá, acusando o líder o PSDB, ao pedir a cassação do registro do PT, de estar defendendo a quebra da regra democrática.

Outros partidos

Sibá disse que na discussão sobre financiamento partidário, a situação do PT é exatamente igual à de todos os demais partidos que tiveram as contas julgadas e aprovadas pela justiça eleitoral. Ele alertou para a coincidência do volume e datas de transferência de dinheiro das mesmas empresas investigadas pela Lava Jato para vários partidos.

“Por que, de todos os tesoureiros somente o tesoureiro do PT estava fazendo outra coisa que não arrecadação oficial?”, questiona o deputado, destacando a necessidade de “repor o caminho da lógica do propósito dessa comissão que é investigar a corrupção na Petrobras, apresentar os pontos e pedir que a Justiça tome as providências.”

O deputado Sibá avaliou ainda a interpelação do líder do PSDB. “Eu fico aqui observando quando o líder do PSDB fala da forma como fala, deixa de discutir parâmetro de investigação para ir para uma coisa que assusta todo brasileiro que é a quebra da regra democrática. E leva a discussão a um nível de impropério e sadismo que nos leva a dizer que o que está acontecendo não é investigação, é outra coisa”, avalia Sibá.

Segundo ele, "o que está provado até agora é que tem diretores que confessaram casos de corrupção – são réus confessos – e a Justiça está tratando do caso; e querem misturar essa situação com o encerramento da Petrobras,” acusando os tucanos de usarem a CPI para tentativas de privatização da estatal.

O deputado Afonso Florence (PT-BA) disse que “o terceiro turno tem promovido uma posição do PSDB de combate à legalidade no Brasil.” Para ele, a CPI tem servido como um palco de disputa política, onde réus confessos e bandidos que são colocados como heróis pelos partidos de oposição e parlamentares pretendem quebrar regras democráticas pedindo cancelamento de registro de partidos “com base em parâmetros que se forem aplicados aos seus próprios partidos correspondem à extinção deles também”.

Ele citou as denúncias de corrupção que envolvem os tucanos como o deputado Antônio Imbassahy (BA) e Eduardo Azeredo (PSDB), dizendo que nem “por isso diremos que todos os tucanos são corruptos”, acusando o líder do PSDB, de “jogar contra a democracia” com “acusação golpistas.”

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também discursou repudiando a posição adotada pelo líder do PSDB. Segundo ela, a CPI está voltada a dois objetivos; um político, que é o de criminalizar a política e desmoralizar o PT e, no que diz respeito a Petrobras, investir na privatização, com entreguismo do pré-sal e mudança do modelo de partilha.

“O PT não deve e não teme, está apresentando seus fatos. Não se pode colocar em suspeição as contas do PT porque nós colocamos a de você que foram igualmente aprovadas pelo TRE”, afirmou a parlamentar, para quem a CPI está blindando os demais partidos.

Desde que teve início na manhã desta quinta-feira (9), com a distribuição de ratos por um funcionário da segunda vice-presidência da Câmara na comissão, os deputados oposicionistas demonstram que querem é montar um circo e nada investigar. Sua ação na CPI, com insultos, demonstrações de abuso de autoridade, calúnias e ameaças antidemocráticas visa apenas incriminar o Partido dos Trabalhadores e golpear o governo da presidenta Dilma Rousseff.

Do Portal Vermelho
Colaborou Márcia Xavier e Dayane Santos