Estado brasileiro conduz máquina de morte em massa, diz Ipea 

O Estado brasileiro conduz uma “máquina de morte em massa” e os autos de resistência, usados pela polícia, são instrumentos que “legitimam o Estado a matar”. A afirmação foi feita pelo representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Antonio Teixeira de Lima, na audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência Contra Jovens Negros e Pobres da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (14). 

Estado brasileiro conduz máquina de morte em massa, diz Ipea - Agência Câmara

O Ipea estima que o total de mortes violentas no País já ultrapassou a casa de 60 mil por ano. De acordo com o Mapa da Violência (2002-2012), elaborado pelo instituto, houve redução significativa da taxa de homicídios entre os brancos, enquanto entre os negros o índice aumentou.

Neste período de 10 anos, morreram 70% mais negros que brancos. Para Teixeira, isso significa que o país possui uma verdadeira “máquina de morte em massa” e que uma raça inteira está sendo dizimada.

“Não são apenas indivíduos que estão morrendo, estamos falando de uma raça inteira que é arrastada pela precariedade e pela política de morte instituída pelo Estado brasileiro, desde o período colonial e que persiste até hoje”, afirma Teixeira.

Teixeira também falou sobre o Projeto de Lei que cria regras rigorosas para a apuração de mortes e lesões corporais decorrentes das ações de agentes do Estado, o chamado Auyto de Resistência. “É uma licença que permite ao Estado matar”, disse Teixeira, que acrescentou ainda que 80% dos crimes promovidos por grupos de extermínio possuem participação de policiais ou ex-policiais.

Complexo do Alemão

Entre as propostas aprovadas pelo colegiado nesta terça-feira está a de visitar o estado do Rio de Janeiro, no dia 5 de maio. A ideia é realizar uma visita ao Complexo do Alemão e uma audiência pública na Assembleia Legislativa do estado.

De acordo com o presidente da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), a comissão irá à comunidade do Alemão “verificar como anda a investigação sobre a morte de Eduardo Jesus Ferreira”, de 10 anos, baleado, no início deste mês (2), durante operação policial realizada no conjunto de favelas no morro do Alemão.

Fonte: Agência Câmara