SP: Cinemateca faz mostra e exposição dedicadas ao Cinema Novo
A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, recebe a partir de amanhã (30) a Retrospectiva Cinema Novo. O evento reúne uma mostra com 53 filmes e uma exposição que apresenta vários materiais raros sobre um dos mais importantes movimentos da cultura e cinematografia nacional.
Publicado 30/04/2015 17:07
Na década de 1950, o Brasil e o mundo passavam por grandes transformações. Vimos a intensa migração do campo para as cidades, a construção de Brasília pelos traços de Niemeyer e Lucio Costa, a publicação de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, o lançamento do revolucionário álbum Chega de Saudade, de João Gilberto, entre outras aparições que, de alguma forma, mudaram nosso cenário cultural.
Atento a tantas transformações, ao surgimento da Nouvelle Vague, na França, e influenciado pelos filmes Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, e O Grande Momento, de Roberto Santos, um grupo de jovens cineastas começou a dar forma ao que hoje conhecemos como Cinema Novo. Os filmes deste movimento romperam com outros modelos de produção cinematográfica e começaram a expor as mazelas da sociedade: a violência, a pobreza e a injustiça que atingiam especialmente o sertão, os subúrbios e as favelas das grandes cidades. Tudo isso estará em cartaz na Retrospectiva Cinema Novo.
A programação inclui desde os primeiros filmes do movimento, como o longa-metragem coletivo Cinco Vezes Favela, Os Fuzis, de Ruy Guerra, e o emblemático Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e passa pela temática da classe média urbana durante a ditadura civil-militar, na década de 1960, com Terra em Transe, de Glauber, O Desafio, de Paulo César Saraceni, e O Bravo Guerreiro, de Gustavo Dahl.
Entre os 53 filmes do festival também estão o primeiro curta-metragem de Glauber Rocha, Pátio, os curtas O Poeta do Castelo e O Mestre dos Apipucos, de Joaquim Pedro de Andrade, Arraial do Cabo, de Paulo César Saraceni e Mário Carneiro, Bahia de Todos os Santos, de Trigueirinho Neto, e Tocaia no Asfalto e A Grande Feira, ambos de Roberto Pires.
A mostra reúne vários filmes que raramente são exibidos. Estarão em cartaz cópias novas em 35 mm de Esse Mundo é Meu, de Sérgio Ricardo, e de O Bravo Guerreiro, produzidas especialmente para a retrospectiva, e cópias anteriormente restauradas pela Cinemateca (mas ainda inéditas em São Paulo) de Câncer, de Glauber Rocha, São Bernardo, de Leon Hirszman, Brasil Ano 2000, de Walter Lima Jr., Os Cafajestes, de Ruy Guerra, e O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro. Entre as raridades, estão Gimba, Presidente dos Valentes, de Flávio Rangel, O Grito da Terra, de Olney São Paulo, Garota de Ipanema, de Hirszman, Memória de Helena, de David Neves, e Ganga Zumba, A Grande Cidade, e Os Herdeiros, os três de Cacá Diegues.
Além dos filmes, a mostra conta com uma exposição organizada pelo Centro de Documentação e Pesquisa da Cinemateca com um conjunto de materiais raros referentes à produção das obras em cartaz e os vários aspectos que envolvem o movimento cinemanovista. O público poderá conferir fotos, roteiros, desenhos de filmagens, cartazes originais, materiais publicados na imprensa, livros, cartas, textos e anotações dos cineastas.
Confira a programação completa no site da Cinemateca
Retrospectiva Cinema Novo
Quando: de 30 de abril a 15 de junho
Onde: Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, em São Paulo
Quanto: grátis
Mais informações: www.cinemateca.gov.br