Comissário da ONU pede ajuda ao Brasil para refugiados palestinos 

O comissário-geral Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, Pierre Krähenbühl, visitou, esta semana, a Câmara dos Deputados. Em audiência com a presidenta da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), ele falou sobre as crianças palestinas, principais vítimas da violência perpetrada por Israel contra a Faixa de Gaza. 

Comissário da ONU pede ajuda ao Brasil para refugiados palestinos - ONU

Na entrevista à CREDN, o diplomata fala sobre a situação atual na Faixa de Gaza e qual a contribuição que ele espera receber do Brasil para aliviar o sofrimento das crianças palestinas.

CREDN: Qual a real situação vivida hoje nos territórios palestinos?

Pierre Krähenbühl: Primeiramente há que se compreender que a situação no Oriente Próximo e nos territórios palestinos é muito crítica. São 50 anos de ocupação. Há na Faixa de Gaza um bloqueio militar imposto por Israel, há as consequências do conflito do ano passado – 120 mil pessoas sem casa, destruídas durante o conflito, cuja reconstrução não consegue avançar. Há, portanto, muitos problemas que a comunidade palestina não consegue resolver, sobretudo os relativos à nossa Agência para os Refugiados Palestinos. Eu creio que não se possa deixar uma situação deste tipo sem nenhuma ação política para tentar resolvê-la. Porque a cada ano que passa o quadro se apresenta mais grave, mais crítico em relação aos direitos humanos. Falamos de completa falta de dignidade, de respeito aos mais básicos direitos. São todos problemas muito importantes.

Qual a atuação da ONU naquela região?

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) tem como responsabilidade cuidar de cinco milhões de refugiados palestinos que vivem na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria. Estes são os territórios de operação da UNRWA e comemoramos, agora em maio, 65 anos. Conseguimos resultados muito importantes ao longo deste tempo. Por outro lado temos que pensar no que conseguiremos fazer em termos de educação, saúde, segurança e isto nos faz lembrar também da falta de uma solução política para o problema. O tempo passa e vemos gerações e gerações de palestinos que não têm uma perspectiva de ter um Estado próprio, de ter uma resposta, uma solução justa e digna para esta situação.

De que forma o mundo poderia contribuir para mudar esta realidade?

Nossos esforços são todos no sentido humanitário de desenvolvimento, mas também de uma ação que se pode chamar de influência e de construção de relações com a comunidade de Estados para nos apoiar no campo diplomático e financeiro. Evidentemente há muito trabalho: temos 700 escolas com carências de todos os tipos; temos 22 mil professores e outros profissionais da área de educação que são necessários para executar estes serviços, além de um milhão de crianças – meninos e meninas – que frequentam estas escolas. Para conseguir administrar tudo isto é claramente necessário apoio diplomático e financeiro dos demais Estados.

Qual o apoio que o Sr. está pleiteando com essa visita ao Brasil?

Aqui no Brasil, minha visita é uma maneira de reconhecer o progresso importante que o Brasil conquistou nestes últimos anos e estou muito agradecido à Presidência (da república), ao Itamaraty, ao Congresso, a todos os que apoiaram este desenvolvimento em distintas etapas. É importante para estabelecer um diálogo diplomático e político sobre o apoio e iniciativas possíveis, sobretudo em termos financeiros, sobretudo na educação, mas também alimentar. Estamos pensando que o Brasil, que faz parte dos Brics, em seu conselho e comitê consultivo, pode estabelecer acordos e oferecer apoio mais regulares em termos orçamentários, em um movimento de solidariedade ao povo palestino, de forma a mantermos a identidade e dignidade desta comunidade. Sabemos que no Brasil as questões de Direitos Humanos e justiça são muito importantes e creio que temos uma perspectiva muito interessante de buscar este apoio e contribuição para a estabilidade e a dignidade de uma comunidade que está muito vulnerável.

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Do Portal Vermelho
De Brasília, com informações da CREDN