Deputado Pimenta rebate críticas de colunista da Folha sobre Zelotes

O deputado federal, Paulo Pimenta (PT), relator da submissão da Câmara dos Deputados criada para acompanhar o trabalho dos investigadores no curso da Operação Zelotes rebateu as afirmações do colunista da Folha de S.Paulo, Leonardo Souza, que publicou na quinta-feira (21) artigo em referência a atuação do deputado, apontando que o mesmo iniciou uma “cruzada em defesa da Zelotes, para tentar inflar a operação em contraponto à Lava Jato”, escreveu o colunista.

Pimenta

O deputado informou que enviou à editoria de Opinião da Folha de S.Paulo o artigo-resposta em que ele afirma ter ficado surpreso com a matéria. Intitulado Folha de S.Paulo ataca quem investiga a Zelotes, Pimenta afirma que “a mídia faz diversas tentativas para desqualificar tanto a Zelotes quanto o episódio das contas secretas do HSBC na Suíça, conhecido como escândalo Swissleaks, pois 'ela não sabe quem as investigações poderão pegar’”.

“O que se sabe é que nesses dois escândalos bilionários de sonegação há empresas de mídia e nomes ligados a grupos de comunicação envolvidos. Como a imprensa não controla esses episódios, ela busca estratégias para retirar a autoridade do trabalho investigativo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, ou daqueles que buscam dar visibilidade à Operação Zelotes”, respondeu no artigo.

No texto divulgado, Pimenta aponta os três motivos pelos quais a grande imprensa não se ocupa da Operação Zelotes. “o escândalo bilionário não envolve a classe política (os envolvidos são empresas privadas, anunciantes da própria mídia); há grupos de mídia investigados; e por que parte da imprensa sustenta que sonegar é um ato aceitável, e que não se trata, portanto, de corrupção”.

Em sua resposta, o deputado comparou a imprensa que esconde a Zelotes, com os corruptos investigados. “A imprensa que não está cumprindo com o papel de informar e servir ao cidadão, está agindo como a quadrilha que atuava no Carf defendendo apenas seus próprios interesses”, provocou.

Pimenta completa o artigo dando um conselho à mídia.“Que a imprensa não busque o caminho dos ataques, da desqualificação e das suposições baseadas em ufanismos editoriais ideológicos. Que não seja autoritária como os censores da ditadura! Que não tente calar e sufocar a voz daqueles que buscam chamar atenção para a roubalheira que foi feita no Carf. Que não censure! Que não faça o que justamente critica. Combata a censura, a si próprio, e não quem defende a liberdade para se falar da Zelotes e de todos escândalos de corrupção”.

A Operação Zelotes foi deflagrada em março deste ano pelo Polícia Federal a partir de uma investigação feita pelo governo da presidenta Dilma Rousseff, por meio de um controle interno desenvolvido pela Corregedoria do Ministério da Fazenda que identificou as irregularidades no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais da Receita Federal), órgão que julga processos tributários que teria atuado em pelo menos 74 julgamentos. De acordo com as investigações da Polícia Federal e Ministério Público Federal, “há indícios mais fortes e veementes” envolvendo processos que detectaram a sonegação de R$ 5 bilhões de até 20 empresas.

Escutas telefônicas comprovaram um esquema de fraudes bilionárias em decisões do órgão. E por isso, a Zelotes merece toda a atenção do poder público, Além disso, os valores envolvidos (na Zelotes) são muito maiores do que qualquer outro escândalo noticiado “na história recente” da corrupção brasileira.

Dadas as devidas proporções das investigações, na última terça-feira (19), o Senado instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada também a averiguar as denúncias de irregularidades no Carf, e elegeu a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) como relatora.