Partido Comunista Francês: Dívida pública é instrumento de dominação 

Um relatório apresentado no parlamento da França pelo deputado do PCF Nicolas Sansu qualifica a dívida pública como "um instrumento de dominação política e econômica".

Euro - Reprodução

O estudo de 80 páginas, divulgado pelo jornal L’Humanité, dia 22, considera que grande parte da dívida é "ilegítima", pois é resultado de políticas de isenções fiscais a favor dos mais ricos, da opção de contrair empréstimos nos mercados financeiros e de uma socialização da dívida privada, na sequência da crise de 2008.

Segundo as contas do deputado, cerca de 30 por cento da dívida do Estado francês entram na categoria de ilegítima. Em termos nominais, dos dois biliões de euros (milhões de milhões), 600 mil milhões são ilegítimos.

O autor mostra também que a explosão da dívida tem servido de "justificação fácil para reformas anti-sociais", como a Lei Macron ou a chamada reforma do diálogo social.

Entretanto, lembra que o montante total de ativos financeiros e imobiliários do país é superior em 350 milhões de euros ao da dívida.

Notando que a dívida tem beneficiado precisamente a "uma minoria de privilegiados", Sansu defende a tributação do património dos mais ricos, que constituem um por cento da população. E calcula que uma taxa de apenas 3,4% sobre estas fortunas proporcionaria uma receita de 500 milhões de euros.

O relatório defende ainda que os estados possam obter crédito diretamente dos bancos centrais, alertando que "as taxas baixas hoje oferecidas pelos mercados financeiros não vão durar sempre. Cedo ou tarde subirão, correndo-se o risco de se desencadear uma nova crise financeira".