Projeto “Ruas de Memória” fará intervenção artística em SP

O projeto “Ruas de Memória”, criado para promover o debate sobre a alteração dos nomes de espaços públicos que homenageiam responsáveis por violações aos direitos humanos durante o regime militar (1964-1985), promoverá neste domingo (31) uma intervenção na avenida General Golbery do Couto e Silva, no Grajaú, zona sul.

Projeto “Ruas de Memória” fará intervenção artística em SP

A mudança desses logradouros só pode ser feita por meio da aprovação de projetos de lei na Câmara Municipal e, em ruas que são endereço, é necessária a anuência dos moradores. A Prefeitura de São Paulo, no entanto, tem contribuído para fomentar o diálogo com a sociedade civil e sensibilizar a população sobre a importância do tema, garantindo que este seja um processo participativo.

Uma das contribuições foi a criação, na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade, responsável pela iniciativa “Ruas da Memória”.

Também foi instalada, em setembro de 2014, a Comissão Municipal da Memória e Verdade, que trabalha para investigar as violações aos direitos humanos ocorridas na cidade de São Paulo durante a ditadura. Entre suas atribuições estão a apuração de crimes praticados contra agentes públicos da Prefeitura ou cometidos por eles, além de buscar informações que possam levar à identificação e localização de restos mortais de desaparecidos no período.

Outra iniciativa da Coordenação de Políticas de Direito à Memória e à Verdade para estabelecer marcos que simbolizem a luta pela democracia foi a inauguração, em dezembro de 2014, de um monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos, no Parque Ibirapuera. A obra, de seis metros de altura e 12 metros de comprimento, é formada por chapas e uniformes com os nomes de 436 vítimas da ditadura e foi projetada pelo arquiteto Ricardo Ohtake.

A intervenção pública do projeto “Ruas de Memória”, neste domingo, terá início às 14h na avenida General Golbery do Couto e Silva. Será realizado um sarau artístico com o tema “Violência de Estado Ontem e Hoje”.

Golbery do Couto e Silva foi ministro da Casa Civil e chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações), um dos principais instrumentos usados pela repressão no regime militar.

Para Clara Castellano, coordenadora-adjunta de Direito à Memória e à Verdade, “retirar este tipo de homenagem de nossos espaços públicos é, em primeiro lugar, uma forma de reparação simbólica importantíssima para as vítimas diretas desses crimes que até hoje não viram seus algozes sendo julgados e punidos”.

A mudança também busca reconstituir a memória histórica da cidade a partir da valorização da cultura democrática e da promoção dos direitos humanos.

Para os organizadores do encontro deste domingo, a ditadura militar deixou marcas físicas e simbólicas nos espaços públicos da cidade. A realização de intervenções nos locais batizados com os nomes de responsáveis por violações representa uma forma de chamar a atenção da comunidade local para a violência que esses endereços carregam e a importância simbólica da alteração.

Participarão da ação coletivos como o Imargem e movimentos literários como Praçarau, A Voz do Povo, Jaçarau e Verso em Versos.

Serviço:

Ruas de Memória: sarau artístico – Violência de Estado Ontem e Hoje
Domingo, 31/05, a partir das 14h
Avenida Golbery Couto e Silva, 94, Jardim Lucélia – Grajaú
(Ref.:próximo ao Centro de Promoção Social Bororé)