G7 pretende seguir com sanções contra a Rússia

Em meio à Cúpula do G7, líderes ocidentais, mais uma vez, decidiram seguir com as sanções contra o governo da Rússia. O presidente norte-americano, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, reafirmaram que as medidas devem continuar por conta da suposta interferência russa no conflito que ocorre no Leste da Ucrânia, embora Moscou tenha negado, reiteradas vezes, participação efetiva no combate.

Presidente Barack Obama e chanceler Angela Merkel - Michael Sohn / Associated Press

“Os dois líderes discutiram a crise em curso na Ucrânia e concordaram que a duração das sanções deve ser claramente relacionada com a plena implementação, pela Rússia, dos acordos de Minsk [capital da Bielorrússia] e o respeito à soberania da Ucrânia”, informou a Casa Branca em comunicado divulgado durante a cúpula do G7, que ocorre neste domingo (7) e nesta segunda-feira (8), na região da Baviera, na Alemanha. No entanto, o papel de europeus e estadunidenses de apoio ao governo de Kiev, instalado após um golpe, e sua postura belicista contra a população do Leste ucraniano não são levados em conta nos debates do G7, tampouco admitidos pelas autoridades ocidentais.

Os acordos de Minsk preveem medidas progressivas até o fim do ano, para pôr fim ao conflito entre insurgentes e o governo de Kiev, que já fez mais de 6,4 mil vítimas, em pouco mais de um ano.

“As sanções impostas por países do Ocidente continuarão valendo apesar das consequências sofridas pelas economias europeias”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, neste domingo.

“Reconhecemos que muitos dos países com os quais contamos para continuar a impor essas sanções são países que o fazem sacrificando suas próprias economias”, disse Earnest aos jornalistas.

Itália, Polônia e Grécia estão entre os integrantes da UE que sofreram perdas econômicas no último ano por causa das medidas tomadas contra a economia russa.

Partes das sanções da UE contra a Rússia vão expirar em 31 de julho, e o bloco deve debater o tema em uma cúpula marcada para os dias 25 e 26 de junho.

As relações entre a Rússia e o Ocidente deterioraram-se por conta da situação na Ucrânia. Em julho do ano passado, a UE e os Estados Unidos aplicaram sanções pontuais contra certos indivíduos e empresas da Rússia. Em seguida, foram implementadas medidas restritivas em relação a setores inteiros da economia russa. Em resposta, a Rússia restringiu a importação de produtos alimentares de países que impuseram as sanções. Moscou tem afirmado repetidamente que não tem interferência no conflito interno ucraniano e tem interesse na resolução pacífica do conflito.

Segundo a mídia norte-americana, o presidente dos EUA, Barack Obama, é quem exerce o papel de persuadir os aliados a continuarem com a política de sanções contra Moscou.

Obama quer fortalecer a determinação dos líderes europeus, que no final deste mês discutirão a extensão das sanções contra a Rússia. O presidente dos EUA quer que a UE não só mantenha as medidas restritivas como as aumente.

Sanções são um erro

Por outro lado, o antigo chanceler alemão Gerhard Schroeder chamou de erro a decisão dos líderes do G7 de não convidar o presidente russo Vladimir Putin à cúpula do grupo. “Eu acho que foi um erro não convidar Vladimir Putin à cúpula do G7”, disse. “A Rússia deveria ser incluída nas negociações sobre o acordo da associação [da Ucrânia com a União Europeia]”, frisou.

Schroeder também sublinhou a importância de desenvolver a cooperação com Moscou, dizendo que “a Rússia tem alternativa à Europa, mas o contrário não”.

Anteriormente a decisão por parte de líderes ocidentais de não convidar Putin à cúpula do G7 tinha sido criticada por outro ex-chanceler alemão, Helmut Schmidt. Ele disse que as suas expectativas em relação a cúpula sem a participação da Rússia são limitadas e que ele espera que os líderes ocidentais pelo menos não “joguem gasolina no fogo” na crise ucraniana.

Willy Wimmer, que foi secretário de Estado no Ministério da Defesa da Alemanha entre 1988 e 1992, opina por sua vez que a decisão de não convidar a Rússia envia um sinal errado e até demasiado conflituoso.

A cúpula do G7 é um encontro anual de chefes de Estado dos EUA, Reino Unido, França, Itália, Japão, Canadá e Alemanha. O "G8" transformou-se em "G7" após sete países participantes se recusarem a participar da cúpula de 2014, em Sochi e se reunirem sem a participação da Rússia em Bruxelas. A decisão foi motivada pelo conflito militar na Ucrânia com os países ocidentais acusando a Rússia de suposto envolvimento na crise e por conta da reintegração da Crimeia à Federação Russa, o que aconteceu após um referendo em que 97% da população da península foi favorável à reintegração.

Protestos

Enquanto isso, na cidade alemã de Garmisch-Partenkirchen a ação do protesto contra a cúpula do G7 resultou em confrontos entre manifestantes e polícia.

Segundo disse um dos manifestantes, "na cúpula do G7 as decisões políticas são tomadas nos interesses do capital transnacional. Eles falam sobre a guerra, sobre os OGM [Organismos Geneticamente Modificados], sobre a parceria transatlântica. As suas decisões não beneficiam as pessoas, mas apenas eles próprios e os proprietários do grande capital”.

O vice-presidente do Partido Comunista da Alemanha afirmou que os comunistas alemães são contra a política "agressiva" da Otan e querem que a Europa coopere com a Rússia.

"A Rússia não é mais um país comunista… mas eu acho que a Rússia tem um grande papel a representar contra a agressiva Otan e, portanto, nós queremos que haja a cooperação entre os países europeus, incluindo a Rússia", disse o Dr. Hans-Peter Brenner.

O encontro do G7 é a reunião dos "mais perigosos Estados", disse Brenner, acrescentando que os manifestantes se puseram contra o sistema de exploração do homem e da natureza, e querem a paz entre todos os países.

"Os comunistas anti-G7 também se puseram contra a interferência da Otan nos assuntos da Ucrânia", acrescentou. A Alemanha assumiu a presidência do G7 em junho de 2015.