Chile já chegou a oferecer saída para o mar à Bolívia

Mesa (2003-2005) recordou que Lagos (2000-2006) ofereceu o mar de maneira imediata à Bolívia, com a condição de que o Peru aceitasse entregar um corredor de 10 quilômetros de costa.

"O presidente Lagos me falou que o Chile estava disposto a dar soberania à Bolívia em território que foi antes peruano, se Lima aceitasse essa proposta de um acesso soberano para a Bolívia", recordou Mesa.

Em declarações à Rede Patria Nueva, o ex-presidente recordou que se reuniu com Lagos no marco da Cúpula Ibero-Americana de 2003, realizada na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra.

Mesa revelou que Lagos lhe disse textualmente "estou disposto a falar de soberania imediatamente, se você conseguir do Peru a aceitação de um corredor soberano para a Bolívia que passe pelo que foi o território peruano. Se houver um sim peruano terá um sim chileno".

Lagos via a possibilidade de entregar uma eventual saída com soberania à Bolívia com permissão do Peru no "Limite da Concórdia", através de um corredor de 10 quilômetros de largura, entre o território boliviano e a costa chilena, ao extremo norte de Arica.

O ex-presidente chileno participou também, em 2006, da posse de Evo Morales em La Paz em um clima de confiança e, em retribuição a esse gesto, o presidente boliviano participou semanas depois da cerimônia de posse de Michelle Bachelet.

Nesse mesmo ano, Morales e Bachelet acordaram uma agenda de 13 pontos sem exclusões, que incluiu também o tema marítimo.

Em abril de 2013, a Bolívia interpôs uma demanda contra o Chile ante a Corte Internacional de Justiça de Haia, na Holanda, para obrigá-lo a negociar uma saída soberana ao oceano Pacífico.

A Bolívia nasceu como república em 1825 com um litoral, mas uma invasão chilena, em fevereiro de 1879, lhe tirou 400 quilômetros de costa e 120 mil quilômetros quadrados de territórios ricos em minerais.