Dilma: US$ 370 bilhões de reservas asseguram o ajuste para crescer
A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (11), em entrevista coletiva durante o encerramento da 2ª Cúpula Celac-União Europeia, em Bruxelas, que o Brasil mantém US$ 370 bilhões de reservas e tem um sistema financeiro saudável. "Por isso, o ajuste econômico feito pelo governo hoje é diferente dos que ocorrem em outros países ou mesmo dos que foram feitos no passado", afirmou a presidenta.
Publicado 11/06/2015 15:35
“Nós fazemos um ajuste, mas não temos um desequilíbrio estrutural, nós continuamos com US$ 370 bilhões de reserva, temos um sistema financeiro absolutamente sem bolha. E esse ajuste é um ajuste macroeconômico fundamental, um ajuste fiscal. Não é igual aos problemas que foram enfrentados no passado, quando quebrou e não tinha dinheiro para pagar a dívida. A nossa dívida externa hoje, nós somos credores, situação completamente diferente. Todos os países quando sofrem as consequências de uma crise da proporção dessa têm que fazer seus ajustes.”
Dilma afirmou que o Brasil está tomando todas as medidas necessárias para se fortalecer macroeconomicamente. E explicou que o governo praticou uma política anticíclica para impedir que a crise de 2008 que causou desemprego e perda de renda na Europa e no restante do mundo todo, não tivesse o mesmo efeito no Brasil e que agora o ajuste é necessário para recompor a capacidade fiscal.
Agenda de investimentos
A presidenta reforçou que além do necessário ajuste fiscal, há também a agenda de investimentos do governo, outro pilar para retomada do crescimento sustentável da economia brasileira. Ela lembrou do Programa de Investimento em Logística (PIL), lançado na terça-feira (9). “O lançamento do PIL vai ser uma das alavancas; programa de exportações, vamos continuar com nossa política social, Minha Casa Minha Vida 3”, salientou.
Dilma ressaltou também que haverá outro elemento na conjuntura internacional que terá repercussão na economia mundial, que é a variação nos juros americanos, mas ressaltou: “Nós estamos preparados para isso”.
Inflação sob controle
A presidente Dilma Rousseff garantiu que o governo está bastante atento à inflação e que não permitirá que ela fuja ao controle. “É um objetivo que nós temos que é derrubar [a inflação]. E derrubar logo. O Brasil não pode conviver com uma taxa alta de inflação. Não pode e não vai”, disse ela.
Para isso, acrescentou, todas as medidas estão sendo tomadas para fortalecer macroeconomicamente o País e construir uma situação estável. “Nós temos certeza de que a causa da inflação, ela não é estrutural, ela é conjuntural”. E citou, principalmente, os efeitos de uma seca de raras proporções que atinge há três anos o Nordeste e, inclusive agora, o Sudeste, onde se concentram algumas das maiores hidrelétricas do país.
“A seca atingiu de forma absolutamente atípica o Brasil. Estamos no terceiro ano, terceiro ano e meio, de seca violenta no Nordeste. E temos tido o problema da hidrologia no Sudeste, que é diversa. Ele é raríssimo nessa proporção. São dois anos seguidos em que você tem uma hidrologia absolutamente baixa. Isso afeta o preço dos alimentos”, explicou.
Ajuste cambial
Por outro lado, o país vem sofrendo as consequências do ajuste cambial que também afetam a economia. “Esse ajuste cambial, não fomos nós que provocamos. Nós sofremos o efeito dele”, disse. E lembrou que a cotação do dólar saltou de um patamar de US$ 1 por R$ 1,60 em 2012 para US$ 1 por R$ 3,17 atualmente.
“É sabido que o ajuste cambial provoca essas oscilações. (…) Esse ajuste é passado para o preço. Essa passagem para o preço não acontece todos os dias, acontece enquanto está [havendo] essa flutuação”.
Dilma alertou que a economia global passará ainda por outro processo difícil, que será a elevação prevista nos juros americanos, mas disse que o país já está pronto para enfrentar essa situação. “Nós estamos extremamente preparados para isso. Então, acredito que houve esse movimento da inflação, que ele se estabilize e nós estamos agora tomando todas as medidas para derrubá-la”, reafirmou. Para a presidenta, não há razão para pessimismo no momento e a população deve manter seu nível de consumo.