Tucanos querem encontrar com golpistas na Venezuela dando carteirada

Nesta segunda-feira (15), senadores da oposição aprovaram na Comissão de Relações Exteriores a ida de uma delegação à Venezuela para se encontrar com os golpistas Leopoldo Lopez e Antonio Ledezma, presos depois de revelado um esquema para tentar derrubar o governo do presidente eleito Nicolás Maduro. A ação golpista provocou a morte de 43 pessoas.

Aécio Neves e Aloysio Nunes - Agência Brasil

Para a viagem, a oposição solicitou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Em seu jogo de cena, prevendo que o encontro com os golpistas não deverá acontecer, o presidente do PSDB e senador Aécio Neves (MG) disse que o Venezuela já teria vetado o pouso de um avião da FAB.

O Ministério da Defesa, no entanto, desmentiu a informação e disse que Caracas ainda não havia dado resposta ao pedido.

“A Venezuela ainda não respondeu. Qualquer voo da FAB para outro país precisa solicitar pouso. É praxe. Estou aguardando a resposta conforme acordo entre países. Mas, evidentemente, é de se imaginar que a Venezuela não tem o menor interesse nessa visita”, disse o ministro da Defesa, Jaques Wagner.

Um princípio das relações internacionais é o respeito à soberania dos países. Aécio e companhia sabem que o fato de serem parlamentares não dá a prerrogativa de entrar em presídios, seja onde for, inclusive no Brasil, a não ser que tenham autorização judicial.

Pelo jeito os tucanos tentam dar a famosa “carteirada” para se encontrar com os golpistas e, como sabem que não vai funcionar, fazem jogo de cena quanto à autorização de pouso na Venezuela.

O presidente da Comissão, o também senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), justificou o pedido do avião por se trata de uma missão parlamentar. "Se não conseguirmos autorização, vamos de avião de carreira, até de ônibus", disse o tucano.

A tentativa de viagem dos senadores tucanos é parte de um ensaio da oposição. Em março, durante evento no Peru, o candidato derrotado Aécio Neves se encontrou com as mulheres dos dois golpistas presos, Lilian Lopez, casada com Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao, e Mitzy Capriles Ledezma, mulher do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma.

No encontro, os tucanos acertaram a vinda das esposas dos golpistas venezuelanos para falar no Congresso Nacional, que aconteceu em maio.

A movimentação é parte de um acordo feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com o ex-premiê espanhol Felipe González, que decidiram atuar em defesa dos golpistas venezuelanos.