Exposição une arte e tecnologia para homenagear o Rio de Janeiro

Arte e tecnologia se associam em uma exposição aberta ao público nesta quinta-feira (9), no Espaço Cultural da Coppe, e que também marca o início de uma cooperação interdisciplinar entre duas áreas bem distintas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): as letras e artes e a engenharia. Palavrio exibe um poema-instalação interativo que homenageia a cidade do Rio de Janeiro pelos seus 450 anos de fundação.

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Por meio de um conjunto de softwares e sensores, o visitante é levado a uma imersão ao som de palavras terminadas nas letras R, I e O. A obra é de autoria do poeta, designer gráfico e produtor de mídia interativa André Vallias, que para desenvolver o projeto entrevistou pessoas de várias regiões do Rio de Janeiro e de seu entorno, com o objetivo de refletir a diversidade cultural da cidade.

São 64 palavras que se sucedem na instalação, com as imagens projetadas no fundo de um corredor e verbalizadas cada qual por uma pessoa. À proporção que o visitante caminha em direção ao fundo do corredor, a animação desacelera, permitindo a identificação visual e sonora das palavras. No fim, uma delas é selecionada, dando acesso a um verbete e a um mapa com indicação do local de moradia da pessoa que disse a palavra.

“Eu já tinha a ideia de um poema com essa concepção. O diferencial foi a sinergia com a equipe da Coppe, sem a qual não conseguiria chegar ao resultado pretendido”, disse Vallias, que já fez apresentações multimídia de outros poemas de sua autoria. Palavrio é um desdobramento de uma obra anterior sua, Oratorio – Encantação pelo Rio, agraciada com o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia.

A curadoria é da professora Heloisa Buarque de Hollanda, coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (Pacc), vinculado à Faculdade de Letras da UFRJ. Autora de antologias que revelaram ao público as novas gerações de poetas brasileiros, Heloisa tem se dedicado nos últimos anos à discussão sobre o impacto das novas tecnologias digitais na produção e no consumo culturais.

“As letras estão pegando uma carona na tecnologia, numa parceria muito produtiva”, disse a professora, que aposta na colaboração entre o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), da Coppe, e o Pacc. Ela comemora como um dos resultados desse trabalho conjunto o livro-aplicativo (aplibook) Poesia, lançado hoje, e reúne obras de dez autores, cinco novos e quatro estabelecidos, entre eles Ferreira Gullar, um dos mais importantes poetas brasileiros.

Para o coordenador do Lamce, o professor da Coppe Luiz Landau, a exposição inaugurada nesta quinta-feira é apenas a primeira de uma série de intervenções unindo arte e tecnologia. “Na Coppe, nós desenvolvemos tecnologias que podem ser aplicadas à arte. Por outro lado, os artistas contemporâneos usam a tecnologia para criar seus trabalhos. A ideia é trazer esses artistas aqui para fazer uma residência, e usar nossos laboratórios como experimento para que desenvolvam suas criações”, explicou.

Segundo Landau, já foram iniciados entendimentos com as curadorias do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu do Amanhã, que deverá ser inaugurado até o fim do ano na zona portuária da cidade, para que as exposições, uma vez iniciadas na Coppe, ganhem outros espaços.

Palavrio pode ser visitada até outubro, de segunda a sexta-feira, das 13h às 16h, com entrada franca. O Espaço Coppe fica entre os blocos C e D do Centro de Tecnologia da UFRJ, no campus da Ilha do Fundão, na zona norte do Rio.