Coletivo mapeará bairro afetado por corte de água e fará dossiê à ONU

Organizações sociais irão mapear acesso e qualidade de água na cidade de São Paulo. A pesquisa que será iniciada neste mês é articulada pelo Coletivo de Luta pela Água, que pretende entregar dossiê sobre a crise hídrica ao Ministério Público de São Paulo e ao relator da ONU, Léo Heller.

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Em entrevista, Hamilton Rocha, membro do coletivo, afirma que há um racionamento seletivo e algumas regiões enfrentam maiores dificuldades. “Vamos aos bairros que já sabemos que são os mais afetados, como Guaianases, Carapicuíba, Osasco, Brasilândia, Embu das Artes, Americanópolis. Focaremos a nossa primeira fase do questionário nessas regiões. Depois apresentaremos ao Ministério Público, e continuaremos com o mapeamento. Desconfiamos que existe um racionamento seletivo, e através da pesquisa queremos tornar isso público.”

Rocha explica que o dossiê será entregue a Leo Heller, relator da ONU para Água e Saneamento Básico e ao Ministério Público de São Paulo. A ideia é demonstrar a grave violação de direitos humanos do acesso ao recurso que tem sido praticado no estado de São Paulo.

Embora o governador tenha ecoado pelo jornais na semana passada que estaria totalmente descartada a hipótese de ser formalizado um sistema de rodízio para o corte de distribuição, o ativista afirma já o racionamento existe na prática há tempos, e é desigual. “A imprensa aproveitou a chuva dos meses de março e abril para diluir a questão da água. No entanto, muitos bairros continuam sem água, chegando a ficar sem água durante três dias. E há diversas regiões de maior renda em que não falta água. A primeira coisa que detectamos é que existe um racionamento seletivo em São Paulo. A Sabesp justifica isso como altitude das localidades onde não tem água, mas existem recursos técnicos possíveis para evitar essa situação”. diz Rocha, que critica a falta de transparência do governo estadual sobre o colapso hídrico.