Entidades mapearão bairros afetados pela falta de água em SP

São Paulo enfrenta, nestes últimos dois anos, o temor da seca. Com o agravamento da crise no abastecimento d´água, os paulistanos temem o pior e o governo estadual, com o apoio da mídia local e nacional, põe a conta em São Pedro. A cada semana que passa, os reservatórios dos sistemas têm cada vez menos água, o que gera desespero principalmente na parcela da população mais vulnerável.

Falta de água em SP

Para compreender a situação atual da crise de água em São Paulo, organizações sociais irão mapear o acesso e a qualidade da água fornecida em São Paulo. A pesquisa é uma iniciativa do Coletivo de Luta pela Água e servirá como base para um relatório sobre a crise hídrica que será entregue para Léo Heller, relator da organização das Nações Unidas (ONU) sobre água e saneamento no Brasil e para o Ministério Público do Estado.

Gestão desastrada

A sombra do colapso já se abate nas ruas da maior cidade do Brasil. É bom que fique claro que os problemas nos sistemas de abastecimento hídrico não são fruto, somente, de fatores climáticos. A má gestão do governo tucano também deve pagar essa conta.

Uma pesquisa recém divulgada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, constatou que a atual situação do Sistema Cantareira é um problema de governo. Entre os anos de 2013 e 2014, a mestre e doutora em Ecologia Aplicada, Micheli Kowalczuk Machado, conduziu estudos que mostram que atualmente não existe nenhum tipo de mecanismo de interação entre as ações das Unidades de Conservação e dos Comitês de Bacias Hidrográficas.

“Ações articuladas entre essas organizações são essenciais e cada vez mais necessárias para procurar soluções”, afirma. Segundo Micheli, a população deve estar realmente envolvida nas discussões, por isso há também a necessidade de elaborar estratégias que ampliem a participação e a mobilização social e que trabalhem o diálogo de saberes.

A Sabesp e o governo do Estado não cuidaram da manutenção da rede de abastecimento. Segundo relatório da própria Sabesp, 17% da rede na Região Metropolitana tem mais de 40 anos de uso e 34%, entre 30 e 40 anos. Diante de dados técnicos tão evidentes, como o governo tucano não se deu conta da situação? A resposta não é climática, nem tampouco requer noções de engenharia. É sobretudo de interesses econômicos temperada com uma gestão irresponsável.