Criminalistas criticam a “indústria da delação” na Lava Jato

Os advogados criminalistas Nélio Machado, Eduardo de Moraes, Alexandre Lopes, João Francisco Neto, Gabriel Machado e Renato de Moraes classificaram como “indústria” as delações premiadas utilizadas pelo juiz Sérgio Moro nas investigações da Operação Lava Jato.

Nelio Machado advogado criminalista

No documento de 32 páginas, os criminalistas afirmam que a delação premiada tem sido “a conta-gotas” e “sempre se balizando na fala de criminosos-delatores”. “Há algo de muito errado, para dizer o menos, na indústria da delação em que se transformou a capital do Paraná, sob o controle da 13ª Vara Federal Criminal”, diz o documento.

Eles fazem a defesa do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada e entraram com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4) em favor de seu cliente que está preso desde 2 de julho.

"Não há reiteração delitiva alguma a sustentar a custódia do ex-diretor da Área Internacional, entre 2008 e 2012, salvo o desiderato de punir sem processo, antecipar preconcebidas reprimendas corporais, escarmentar a honra alheia, em detrimento da Lei Maior, a pretexto de "moralizar" o país", ressalta os criminalistas.

Eles também criticam os vazamentos seletivos e a espetáculo midiático que se transformou as investigações. “A repercussão nos meios de comunicação que, propositalmente, os investigadores (o triunvirato: juiz, Ministério Público e Polícia Federal) da "Lava-Jato" têm imprimido às espetaculosas operações e aos atos processuais, dispensa tópico introdutório acerca da gênese do decreto de prisão preventiva ora atacado", salientam.