Cuba: Relações com os EUA "sem abrir mão da nossa independência”

Cuba reiterou, nesta segunda-feira (20), sua vontade e sólida decisão política de avançar para uma convivência civilizada que favoreça a solução dos problemas bilaterais com os Estados Unidos. O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, disse no entanto que isso será feito "sem abrir mão da nossa independência, nem permitir ingerência em assuntos que pertencem à exclusiva soberania dos cubanos".

Chanceler cubano, Bruno Rodríguez

O chanceler Bruno Rodríguez, em um discurso durante o ato protocolar de reabertura da embaixada de seu país nos EUA, disse que era portador de saudações do presidente Raúl Castro, expressão de boa vontade e da sólida decisão política de avançar.

Este processo será "mediante o diálogo baseado no respeito mútuo e na igualdade soberana, ainda dentro das diferenças entre ambos governos, que favoreça a solução dos problemas bilaterais, promova a cooperação e o desenvolvimento de vínculos mutuamente vantajosos" para ambos povos.

A bandeira que flameja novamente neste local encarna o generoso sangue derramado, o sacrifício e a luta mais que centenária de nosso povo pela independência nacional e plena autodeterminação, frente aos mais graves desafios e perigos, sublinhou.

O chefe da diplomacia da ilha invocou a memória de José Martí, o apóstolo cubano, que, disse, deixou-nos uma nítida descrição da grande nação do norte e o elogio do melhor dela, mas também nos legou a advertência de sua desmedida apetência de dominação que toda uma história de desencontros confirmou.

Destacou "a condução firme e sábia do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz, a cujas ideias sempre guardaremos lealdade suprema".

Este ato foi possível, sublinhou, pela livre e inquebrantável vontade, unidade, sacrifício, abnegação, heroica resistência e pelo trabalho de nosso povo, e pela força da Nação e da cultura cubanas.

Indicou que, ainda dentro das diferenças entre ambos governos, há vontade para favorecer a solução dos problemas bilaterais, promover a cooperação e o desenvolvimento de vínculos mutuamente vantajosos como desejam e merecem ambos os povos.

“Com a restauração das relações diplomáticas e a reabertura de embaixadas, termina uma primeira etapa do diálogo bilateral e abre-se passo ao complexo e seguramente longo processo para a normalização das relações bilaterais”, apontou Rodríguez Parrilla.

“É grande o desafio porque nunca houve relações normais entre os Estados Unidos da América e Cuba, apesar de um século e meio de intensos e enriquecedores vínculos entre os povos”, disse.

Citou etapas da história das relações com os Estados Unidos para afirmar que "hoje se abre a oportunidade de começar a trabalhar para fundar relações bilaterais novas e diferentes. Para isso, sublinhou, o governo cubano compromete toda sua vontade.

Reiterou que “só a eliminação do bloqueio econômico, comercial e financeiro que tanto dano e privações ocasiona a seu povo, a devolução do território ocupado em Guantánamo e o respeito à soberania de Cuba darão sentido ao fato histórico que estamos vivendo”.

Além disso, ratificou a vontade de Cuba de avançar para a normalização das relações com os Estados Unidos, com ânimo construtivo, mas "sem abrir mão da nossa independência, nem permitir ingerência em assuntos que pertencem à exclusiva soberania dos cubanos".

O chanceler de Cuba transmitiu o respeito e reconhecimento do governo cubano ao Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por seu chamado ao Congresso a levantar o bloqueio e pela mudança de política que tem buscado, em particular pela disposição de exercer suas faculdades executivas com esse propósito.