Alckmin vai conceder linha 5-Lilás do Metrô à iniciativa privada

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou na tarde desta terça-feira (21) que vai conceder à iniciativa privada a operação da linha 5-Lilás do Metrô, que ligará o Capão Redondo (zona sul) à Chácara Klabin (zona sudeste) quando estiver concluída. "O setor privado vai operar toda a linha 5-Lilás, inclusive o trecho que já está concluído e em funcionamento. Quem vencer, vai operar de Capão Redondo até Chácara Klabin", disse Alckmin em entrevista coletiva.

corrupção no metrô - Foto: MILTON MICHIDA/FLICKR.GOVERNOSP

Atualmente, a linha 5-Lilás opera com sete estações em 9,6 quilômetros de trilhos. O primeiro trecho, entre Capão Redondo e Largo Treze, foi entregue em 20 de outubro de 2002. A estação Adolfo Pinheiro, última a entrar em operação no trecho em funcionamento, só foi entregue no ano passado. O governador ainda deixou aberta a possibilidade de concessão das linhas de monotrilho 17-Ouro (Jabaquara-Morumbi) e 15-Prata (Cidade Tiradentes-Ipiranga).

A proposta, no entanto, ainda não tem data para ser efetivada, nem um sistema de contrapartida definido pela exploração do serviço. "Vamos verificar qual a melhor modelagem disso. Nós podemos fazer a concessão por mais investimento, em que ganha quem oferecer mais investimento, ou onerosa, em que ganha quem paga mais para o governo", afirmou Alckmin.

Em construção desde 1998 – quando era a Linha G da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) –, a Linha 5-Lilás já teve sua data de conclusão alterada muitas vezes desde 2006, primeiro ano previsto. Atualmente, o governo de São Paulo promete a conclusão das dez estações restantes para 2018. As outras duas linhas citadas também estão em obras e também já tiveram suas previsões de entrega revistas.

As obras da Linha 5-Lilás ficaram paradas entre 2002 e 2009. A expansão iniciada em 2009, ao custo de R$ 6,9 bilhões, foi novamente paralisada em 2010, por suspeita de fraude e formação de cartel entre as empresas, com a participação de funcionários da gestão Alckmin. O objetivo era garantir que todas as empresas tivessem uma parte na obra. O esquema de corrupção pode ter causado um rombo de R$ 350 milhões e o processo ainda está em andamento na Justiça.

Ainda estão em obras outros 11,5 quilômetros da linha 5-Lilás, com mais dez estações. Atualmente, a expansão está orçada em R$ 9,1 bilhões. A linha terá interligação com a linha 1-Azul (na estação Santa Cruz) e terminará na estação Chácara Klabin, ligando-se com a linha 2-Verde. A concessão será somente da operação. A construção em andamento seguirá sob responsabilidade do Metrô.

Histórico de corrupção envolvendo o metrô e CPTM

No último mês de março, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo e deu início a uma nova ação contra onze empresas acusadas de formar um cartel para obter contratos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). No primeiro processo aberto por causa do cartel, em janeiro, quinze empresas haviam sido acionadas.

A nova ação corresponde a contratos realizados no período de 2000 a 2007, quando o estado de São Paulo foi governado pelos tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, além de Claudio Lembo, à época no PFL. A CPTM também irá responder pelas irregularidades.

De acordo com os promotores responsáveis, as multinacionais se uniram para fraudar licitações e negociar qual delas venceria a disputa. Segundo apuração do esquema, as negociações eram feitas a partir de pagamentos de propina a funcionários públicos.

O MP exige que as companhias paguem uma indenização de quase R$ 2,5 bilhões ao Estado. São rés as empresas Siemens, Alstom, Bombardier, Mitsui, Temoinsa, Tejofran, MPE, MGE, Ttrans e CAF (a espanhola e sua filial brasileira).