Alejandro Acosta: Por que Obama foi ao Quênia? 

Obviamente que a visita não se relaciona com caçadas de elefantes (como o rei da Espanha fez em Botswana, em plena crise) nem com visitas a "game parks" (as reservas onde vivem os 4 grandes mamíferos).
 

Obama, em visita à África

A visita envolve também nada menos que Susan Rice, a "célebre" Conselheira de Segurança Nacional que tem desempenhado um importante papel nos últimos acontecimentos políticos, como os golpes militares no Egito, na Ucrânia e na Tailândia.

Além do Quênia, a visita inclui também a Etiópia, onde está localizado o quartel-general da União Africana (Adisabeba).

O motivo da visita se relaciona com o crescente avanço da desestabilização a partir do Sahel (a região localizada ao sul do Deserto do Saara).

A epidemia da 'somalização'

Após ter quase implodido, a Somália foi "controlada" por meio da invasão conjunta de vários países da União Africana, encabeçados pelo Quênia. Na realidade, os guerrilheiros do Al-Shabab podem ter sido expulsos de Mogadíscio, a capital do país. Mas estão muito longe de ter sido derrotados.

O país está dividido em várias regiões autônomas e semiautônomas, com um governo central muito fraco, onde predominam as tribos e os caciques regionais. O Al-Shabab, que é um aliado próximo do Estado Islâmico, está aplicando a mesma tática que os demais grupos guerrilheiros islâmicos. Conforme a pressão aumenta, atuam em novas regiões.

A bancarrota do estado na Somália representa um ícone da desagregação do capitalismo num estado fraco. A origem está no início da década de 1990. Após o colapso capitalista de 2008, a "somalização" tem se estendido a vários outros países.

Hoje, a Líbia, a Síria, o Iraque, o Iêmen e o Mali têm se convertido em novas Somálias. Mas a implosão dos estados nacionais está longe de ter se esgotado. Há muitos candidatos à “somalização”, que avança a passos largos sobre o coração do Oriente Médio, a Arábia Saudita.

Por enquanto, a “somalização” tem acontecido nos elos mais fracos do capitalismo mundial. Para o próximo período, novas Somálias deverão aparecer na Ásia, na América Latina e na Europa. A Grécia caminha a passos largos para liderar esse desenvolvimento. Sobre essa base, aumentará a pressão sobre o coração do capitalismo mundial, os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a Inglaterra e o Japão.

Fonte: Diário Liberdade