Porochenko presta contas aos EUA e FMI concede empréstimo

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, conversou por telefone na noite de sexta-feira (24) com o presidente da Ucrânia, Pyotr Porochenko. Logo após a conversa, fontes anônimas próximas ao FMI divulgaram que a entidade financeira concederá novo empréstimo à Ucrânia na próxima sexta-feira (31). 

Petro Poroshenko (E) e Joe Biden

O site oficial do presidente informou: "O líder ucraniano informou a parte norte-americana sobre os resultados das conversas no formato de Normandia de ontem, bem como sobre o resultado das conversações do grupo de contato em 21 de junho em Minsk, em particular, sobre o acordo alcançado de retirada das armas de calibre inferior a 100 mm da linha de frente, bem como o estabelecimento de uma zona desmilitarizada de 30 km na linha de frente supervisionada pela OSCE".

Durante a conversa os políticos trocaram opiniões sobre várias questões. Segundo o mesmo site, Porochenko expressou esperança de que os Estados Unidos iriam contribuir para a implementação dos Acordos de Minsk e discutiu as perspectivas de criação de um tribunal internacional para julgar os responsáveis pelo acidente do voo MH17 da Malaysia Airlines abatido no leste da Ucrânia em 2014.

O site oficial da Casa Branca também divulgou informações sobre a conversa, em particular, sobre a retirada de tropas da linha de frente:

“Os dois líderes discutiram a implementação dos Acordos de Minsk. […] O vice-presidente dos EUA saudou a proposta do presidente Porochenko sobre a criação de uma zona de 30 km livre de tanques, artilharia e morteiros ao longo da linha de frente no leste da Ucrânia, sob a supervisão da OSCE.”

A declaração parece algo extemporânea, uma vez que no domingo passado as autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL respetivamente) já haviam retirado as armas da linha de frente. E, mais do que isso, a questão de retirada das tropas, tanques e equipamentos já era parte crucial dos Acordos de Minsk, assinados em fevereiro de 2015.

Os Acordos de Minsk preveem a retirada de todos os armamentos pesados por ambas as partes para distâncias iguais, com o objetivo de criar uma zona de segurança de distância mínima de 50 km entre as partes, para sistemas de artilharia de calibre 100 mm e superior.

Uma outra declaração do vice-presidente norte-americano tinha a ver com os projetos de lei, aprovados pela Suprema Rada (parlamento) da Ucrânia. Os projetos aprovados preveem reformas do sistema de justiça e eram parte das exigências do FMI para este último conceder mais ajuda financeira à Ucrânia.

De acordo com as fontes anônimas próximas ao FMI, citadas pela agência Bloomberg neste sábado (25), a Ucrânia receberá o próximo empréstimo no valor de 17,5 bilhões de dólares já em 31 de julho.

Ironicamente, Biden comentou as leis aprovadas e mencionou mesmo o combate à corrupção, segundo o site da Casa Branca: “O vice-presidente saudou as recentes leis de reforma aprovadas pela Rada e observou a necessidade de manter o ritmo da agenda de reformas da Ucrânia, em particular na luta contra a corrupção.”

Kiev está realizando uma operação militar contra os independentistas no leste da Ucrânia que não reconhecem a legitimidade das novas autoridades ucranianas chegadas ao poder em resultado do golpe de Estado ocorrido em fevereiro de 2014 em Kiev. Segundo os últimos dados da ONU, mais de seis mil civis já foram vítimas deste conflito.

O acordo de paz foi firmado em Minsk entre os líderes da Rússia, da Ucrânia, da França e da Alemanha e prevê um cessar-fogo global no leste da Ucrânia, retirada das armas pesadas da linha de contato entre os dois lados, assim como uma reforma constitucional com a entrada em vigor até o final do ano de 2015 de uma nova Constituição, com a descentralização como elemento-chave.

Fonte: Agência Sputnik