Fátima Teles: Raul Seixas, pai do rock nacional faria 70 anos
Há pessoas que vem ao mundo acordar outras tantas pela missão da Ciência, Arte, Literatura, Música, etc. Raul, o maluco beleza de Salvador, nasceu em 28 de junho de 1945 e cresceu ao som da influência da música norte americana, uma vez que seus vizinhos eram americanos.
Por Fátima Teles*, especial para o Vermelho
Publicado 31/07/2015 14:58
“A vasta biblioteca de seu pai era seu brinquedo favorito. E foi daí que veio o gosto pela palavra e a miopia precoce. Vivia trancado no quarto devorando o “Livro dos Porquês” do “Tesouro da Juventude”. Inventava histórias fantásticas que, transformadas em gibis, e com desenhos do próprio Raul, eram vendidos ao irmão caçula, Plininho (Plínio Santos Seixas, três anos mais novo). Melô era o personagem central de suas histórias, um cientista louco que viajava no tempo com figuras históricas, Deus e o Diabo.”
Cresceu indignado com a sociedade de seu tempo e compôs letras filosóficas que buscavam acordar a sociedade para um outro modo de vida, a sociedade alternativa.
“Eu estava muito preocupado com a filosofia sem o saber (isto é, eu não sabia que era filosofia aquilo que eu pensava). Tinha mania de pensar que eu era maluco e ninguém queria me dizer. Gostava de ficar sozinho. Pensando. Horas e horas. Meu mundo interior é, e sempre foi, muito rico e intenso. Por isso o mundo exterior naquela época não me interessava muito. Eu criava o meu.
”No ano de 1954, Raul ganhou seu primeiro violão, presente dos pais, ao qual, a princípio, ele não deu muita importância. Porém, pouco a pouco, foi dedilhando e, sozinho, aprendeu a tocar algumas músicas, acabando por se apaixonar pela novidade.
A família Seixas mudou-se para uma casa que ficava próxima ao Consulado Americano. Ali Raul conheceu os garotos do consulado, que lhe emprestaram alguns discos de Elvis Presley, Little Richard, Fats Domino, Chuck Berry etc. Foi o primeiro contato com o Rock and Roll.
Raul, misturava sua música, o rock brasileiro com ritmos nordestinos. Estudou filosofia, Psicologia e Ocultismo. Era um músico místico, de uma genialidade ímpar. Um homem místico.
A música ouro de tolo foi uma espécie de autobiografia e falava também da insatisfação humana ( a dele), e fazia críticas ao milagre econômico proclamado pela Ditadura Militar do Brasil.
Em maluco beleza, ele conclamava a liberdade da loucura como normalidade humana .Era uma lembrança filosófica parecida com o elogio da loucura de Erasmo de Rotterdam.
A música sociedade alternativa lhe rendeu o exílio para os Estados Unidos, uma vez que foi perseguido pela ditadura militar brasileira, pelo conteúdo da música.
Faça o que tu queres
Pois é tudo
Da lei, da lei
Viva, viva, viva a sociedade alternativa
Faz o que tu queres há de ser
Tudo da lei, da lei
Todo homem, toda mulher
É uma estrela
Viva”
A música tente outra vez é atualíssima ,pois ela ainda consegue atingir os conflitos, quedas, fracassos e a necessidade de resistir e de tentar sempre. É um hino de resistência para a humanidade.
Raul Seixas foi considerado o pai do Rock Nacional
Ouça a música Tente outra vez: