Teste inicial de vacina contra ebola apresenta 100% de eficácia

Resultados foram descritos como "notáveis" e "virada no jogo" por especialistas em saúde; 11.294 morreram por conta do surto do vírus na África Ocidental.

Ebola

"Acreditamos que o mundo está prestes a ter uma vacina eficaz contra o ebola", declarou nesta sexta-feira (31/07) a especialista em vacinas Marie Paule Kieny, da OMS (Organização Mundial da Saúde), em uma entrevista a jornalistas em Genebra.

De acordo com a agência das Nações Unidas, dados de um teste na Guiné com 4.000 pessoas que estiveram em contato próximo com um caso do vírus confirmado mostraram que uma vacina foi 100% eficaz.

Para especialistas em saúde, os resultados iniciais do estudo com a vacina VSV-ZEBOV, da companhia Merck e da NewLink Genetics, foram descritos como "notáveis" e "virada no jogo". Além da OMS, a equipe por trás dos experimentos é formada ainda pela MSF (Médicos Sem Fronteiras) e por especialistas de Noruega, Canadá, Guiné, EUA e Reino Unido.

A nova vacina combina o vírus da estomatitis vesicular (VSV) com um gene que codifica uma proteína chave da cepa Zaire do ebola, a forma mais agressiva já conhecida do vírus. Essa combinação desses componentes estimula uma resposta imune contra o ebola e fomenta a produção de anticorpos para lutar contra a doença.

"A vacina VSV-ZEBOV trabalha do mesmo modo que outras vacinas baseadas em vírus atenuados contra outras infecções virais", explicou o doutor Mark Feinberg, do laboratório Sanofi Pasteur MSD, segundo a Agência Efe.

Os pacientes voluntários com os quais foram realizados os testes procedem de áreas onde houve registro de surtos da doença na Guiné e onde estiveram em contato com doentes ou outras pessoas próximas a eles, como moradores, parentes e companheiros de classe.

A vacina foi administrada em primeiro lugar em um dos grupos e, três semanas mais tarde, no segundo. "Os resultados demonstraram que, no prazo de 10 dias, a vacina protegia ambos os grupos contra o vírus do ebola", disse a equipe em comunicado.

"Sabíamos que era uma corrida contra o tempo e que o experimento tinha de ser realizado sob as circunstâncias mais difíceis", afirmou à Reuters John-Arne Röttingen, chefe da área de controle de doenças infecciosas no Instituto Norueguês de Saúde Pública e presidente do grupo de acompanhamento do experimento.

Em um ano e meio, a epidemia infectou 27.787 pessoas, principalmente na África Ocidental, das quais 11.294 morreram. Embora uma dezena de países tenham registrado casos da doença, as mortes se concentraram em três: Libéria (4.808), Serra Leoa (3.951 mortos) e Guiné (2.520). Em 9 de maio, a Libéria foi declarada livre de transmissão de ebola, mas neste mês voltou a registrar novos casos.