André Araújo: A péssima gestão das universidades paulistas

Uma loucura que se comete no Brasil desde a Constituição de 1988 – a autonomia financeira de entes, corporações e organismos sustendos com dinheiro público.

Por André Araújo, no GGN 

Universidades públicas em SP vivem em meio à crise e sucateamento - Foto Montagem

É entregar o estoque de queijo aos ratos. Nos tempos da Constituição de 1946, o Poder Judiciario não construía prédios e nem comprava equipamentos, era o Estado que fazia e provia. Hoje o Tesouro dá um cheque em branco a organismos sem exigir nada em troca e aí começa a farra de gastos com o dinheiro que não tem dono.

As três universidades estaduais paulistas tem uma vinculação cativa na receita do ICMS, em torno de 10%, a partir daí podem fazer o que quiserem com o dinheiro e como fazem. Estão falidas com números estarrecedores.

A Unicamp tem 18.698 alunos e 8.527 funcionários, fora os professores, que são 1.795. A relação funcionário/aluno é de 2,18, cada funcionário corresponde a pouco mais de 2 alunos, uma aberração.

Na Universidade de Harvard, que custa ao aluno 60 mil dólares por ano, enquanto a Unicamp é de graça, Harvard é do mesmo tamanho da Unicamp (19 mil alunos cada uma) a relação TOTAL de funcionários + professores por aluno é de 7,1, quer dizer um funcionário mais professor cuida de 7 alunos, na Unicamp só de funcionário são pouco mais de 2 por aluno. A pergunta: porque tantos funcionários? E olha que tem outros tercerizados na limpeza, segurança, refeitórios, etc. Só de funcionários diretos numa Universidade tem 8.571, é demais.

A relação Professor/Aluno não é exagerada, praticamente 1 professor para pouco mais de 9 alunos, mas a de funcionários é inexplicável, o que fazem tantos funcionários?

Já a folha de salários é um escandalo, 1.020 funcionários e professores ganham acima do teto máximo do estado, o Reitor ganha R$ 49 mil por mês e dois pró-reitores ganham R$ 46 mil por mês. Depois tem "Procuradores" que na USP ganham mais de 60 mil por mês, na Unicamp ganham em torno de 30,1 mil por mês, o que exatamente faz um procurador de universidades, na USP são muitos, todos marajás, é uma farra, são cargos de príncipe, trabalha-se pouco e ganham 10 vezes mais do que valeriam no mercado privado.

Todas as três universidades paulistas, que tem 10% do ICMS do Estado só para elas, estão quebradas, não tem dinheiro para investimento, todo orçamento vai para salários. Sabe porque? São os funcionários e professores que elegem o reitor, este então precisa prometer aumentos para todos para ganhar a eleição.

Em Harvard, que tem US$ 36 bilhões no seu Fundo de investimentos, quem nomeia o Presidente é o Conselho de Diretores, ninguém sonharia em consultar os assalariados da Escola para eleger quem os paga, é insanidade demais, aqui alguém instituiu essa estupidez, soldado elegendo general, bobagem única nossa, só tem aqui e a prática se espalha pela burocracia com graves perdas para as finanças públicas.

Quem precisa do voto dos que recebem salarios tende a prometer mais salário não é mesmo? Por isso a carga fiscal no Brasil já está em 43% do Produto Nacional (36% de impostos e 7% do déficit do Tesouro, que vira dívida). O pior é que as outrora excelentes Universidades Paulistas estão implodindo na farra do empreguismo sem dinheiro para investimentos, pesquisas e qualidade.