Ex-funcionário do HSBC em Genebra falará à CPI do Senado

Especialista em sistemas de computador e ex-funcionário do HSBC em Genebra, Hervé Falciani prestará depoimento à CPI do HSBC, que corre no Senado, na próxima quinta-feira (20). Os questionamentos serão feitos por meio de teleconferência.

Hervé Falciani ex-funcionário do HSBC em Genebra - AFP

Ele é responsável por entregar aos serviços de informação a Justiça francesa, em 2009, uma lista de 106 mil contas secretas de cidadãos de diversos países, que representavam um total de 180 bilhões de euros.

A intenção era enviar à França uma missão composta por senadores para conversar pessoalmente com o ex-funcionário do HSBC em Genebra, além de representantes do Ministério Público francês e jornalistas do Le Monde, primeiro jornal a ter acesso à lista dos correntistas do banco. No entanto, os parlamentares consideraram que a visita não traria novas informações para as investigações e optaram pela teleconferência.

Entre outras informações, a CPI apura a origem de US$ 7 bilhões depositados em 5.549 contas suspeitas de 8.667 mil brasileiros flagrados com depósitos não declarados na agência suíça do HSBC em Genebra, caso conhecido como SwissLeaks.

Sabendo que o segredo bancário favorecia a fraude, Hervé, que foi engenheiro de sistemas de informática do banco HSBC de Genebra, entregou aos serviços de informação franceses, em 2009, uma lista de contas secretas.

“Tinha a possibilidade de fazer e não via outros que a tivessem. Aliás, trabalho com quantos vão se unindo a essa aventura. Na união, o fardo é compartilhado, mais leve. Amanhã, se tiver a possibilidade de trabalhar com um organismo brasileiro, se pensar que esse trabalho pode ser determinante, eu me arriscarei a ser extraditado”, disse ele em entrevista à Carta Capital.

“Trata-se de investigar o sistema financeiro dos paraísos fiscais, o que pode ser útil ao Brasil. Esse trabalho há de ser desenvolvido tanto no plano administrativo quanto no judiciário. Mas deve haver vontade política, como na Argentina”, acrescenta.

Segundo ele, o SwissLeaks ainda não revelou todos os segredos do HSBC. “O problema é que quem tem interesses nos paraísos fiscais não vai lutar contra a opacidade financeira. E o financiamento dos partidos políticos tem uma relação com os Estados onde o dinheiro está escondido. Por isso, poucos políticos tomam posição contra os paraísos fiscais”, explica.