Ato em defesa da democracia leva trabalhadores às ruas de Caxias

Manifestação reuniu dezenas de militantes sociais e políticos do PCdoB e PT na Praça Dante Alighieri por mais de duas horas na quinta-feira.  

Assis Melo - Maurício Concatto
 A denúncia acerca dos riscos para a democracia no país e para os direitos sociais dos trabalhadores, com a tentativa de golpe, como propõe alguns setores ultraconservadores, foi o tom na manifestação desta quinta-feira (20). Representantes do sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais, partidos políticos e forças patrióticas ocuparam a Praça Dante Alighieri para alertar a sociedade sobre o que está por trás da crise política instalada no Brasil. A concentração começou por volta das 17h. Uma das questões principais do ato foi a defesa do mandato constitucional da presidente da República, Dilma Rousseff.
Os trabalhadores são favoráveis às investigações e a punição exemplar dos envolvidos em corrupção. Porém, condenam o uso político do tema. Para o movimento, as investigações e a divulgação dos seus resultados não pode ser seletiva – precisa mostrar tudo e todos os envolvidos. No passado, na história do país, já ocorreram grandes retrocessos institucionais por conta de situações semelhantes a esta vivida hoje no Brasil – veja-se o que ocorreu com Getulio Vargas e Jango, por exemplo.

Os trabalhadores seguem lutando por uma reforma política democrática, que acabe com o dinheiro de empresas nas eleições, raiz de boa parte da corrupção existente no país. Porém, os mesmos que hoje bradam pelo golpe, foram contra esta proposta no Congresso.

Outro aspecto destacado pelos trabalhadores presentes no ato, é que hoje, os mesmos que pregam o golpe, foram os que apoiaram o PL 4330 no Congresso Nacional que impõe a terceirização e acaba com praticamente todos os direitos dos trabalhadores. É, na opinião do movimento sindical, uma grande contradição que – infelizmente – ainda boa parte da sociedade não está enxergando.

"Há um interesse muito grande na derrubada do governo e pela volta da direita ao poder, isso está sendo apoiado pela grande mídia, que está intoxicando as pessoas com uma grande manipulação em favor do golpe", declarou um dos presentes.

"Foi à custa de muitas vidas que se reconquistou a democracia no Brasil. Ela deve ser defendida por toda a sociedade. As forças conservadoras e de direita, com uma posição oportunista, ampliaram sua iniciativa política com o objetivo claro de retomar a condução da nação. Com efeito, esta postura golpista faz emergir visões ultraconservadoras, pensamentos e práticas obscurantistas e preconceituosas. Isso não é novidade. Já surgiram em outros momentos da história do país e só foram superados através de muita luta”, declarou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo.

O coordenador do Movimento em Defesa da Democracia em Caxias, o jornalista, historiador e secretário de comunicação do PCdoB municipal, Roberto Carlos Dias, fez um contraponto histórico das liberdades obtidas no regime democrático de direito e relembrando o que significou a ditadura militar no Brasil, que os golpistas defendem seu retorno.

"O golpe militar provou a morte de 400 brasileiros, sendo que até os tempos atuais existem mais de 200 desaparecidos políticos. Esse regime provocou ainda a investigação de 500 mil pessoas por órgãos de segurança, sendo que mais de 10 mil foram torturados, entre eles, a presidenta Dilma, que foi torturada por três anos, mas nunca desistiuy do Brasil e do povo brasileiro", recordou o jornalista.

Roberto Carlos reforçou ainda que não existe nada na Justiça contra a presidenta Dilma que juistifique o impeachment, ao ressaltar que as contas dela foram proclamadas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e Supremo Tribunal Federal (STF).

"Tanto é verdadeiro e legítimo isso que até 123 juristas renomados em Direito Constitucional assinaram manifesto refutando a possibilidade impeachment e de defesa do mandato da presidenta Dilma. Portanto, não vai ter golpe. Se querem assumir o lugar da presidenta vão ter de esperar até outurbo de 2018, porque Dilma é a presidenta do Brasil até 31 de dezembro de 2018", completou Roberto Carlos.

O coordenador do movimento elencou ainda obras importantes do governo Dilma em Caxias e no Estado, como 12 mil famílias contempladas com moradias do programa Minha Casa Minha Vida e mais de 186 mil no Rio Grande do Sul. Roberto Carlos ainda falou das 15 creches que o governo está executando na cidade, sendo que três já estão concluídas.

"Além disso, temos 86 mil caxienses são beneficiados com medicamentos gratuitos, sem contar as obras de mobilidade urbana nos novos corredores de ônibus do transporte público."    
     
Para defender a democracia, os trabalhadores e movimentos sociais organizados estão propondo a construção de uma Frente Ampla em defesa do Brasil, da retomada do desenvolvimento, dos empregos e conquistas sociais.
Os manifestantes carregavam cartazes com frases como "Fica, Dilma" e "Fora, Cunha" (este último em alusão ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha).

Para a presidente da União da Juventude Socialista (UJS), Andressa Campanher Marques, a ação é para defender a democracia e lutar por mais avanços para os jovens.

Deo Gomes, presidente do PCdoB, associou a tentativa de golpe ao interesse dos imperialistas norte americanos e as oligarguias de se apossar das riquezas do Brasil, como “o nosso petróleo e acabar com o sistema de partilha da camada pré-sal, mas destacou que o povo é sábio e não vai deixar isso acontecer.

O Sindicomerciários esteve entre os sindicatos presentes. O presidente da entidade, Silvio Frasson, afirma que as manifestações do domingo apontam uma insatisfação com o resultado da eleição presidencial de 2014.

Entre os participantes, estavam integrantes do PCdoB, PT, Sindicatos dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, Comerciários (Sindicomerciários), dos Trabalhadores em Limpeza e Conservação (Sindilimp), UJS, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), Marcha Mundial das Mulheres e União da Associação dos Bairros (UAB).