Crise nas bolsas: China pode estar mandando um recado ao mundo 

O médico e economista Sergio Barroso, membro do Comitê Central do PCdoB, analisando para o Portal Vermelho os acontecimentos que abalaram, nesta segunda-feira (24), as bolsas de valores ao redor do mundo, chama a atenção para alguns aspectos desta crise. 

Grande Salão do Povo em Pequim

Em primeiro lugar, Barroso lembra que não se pode colocar a China como a deflagradora desta turbulência: “A verdade é que o capitalismo está em crise. Há vários anos que a realidade econômica mundial é de estagnação ou baixo crescimento. Diante disso, a especulação financeira, através da ultra valorização de ações, bônus e títulos, só fez aumentar, nos EUA e na Europa. E mais: todas as propostas de regulamentação da ciranda financeira, que surgiram logo após a crise de 2008, foram engavetadas”. Sérgio Barroso recorda ainda que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) já havia apontado em maio deste ano, que a economia americana estava em plena desaceleração, “ou seja, a realidade da economia americana, ao contrário do que dizem alguns, continua sendo a de uma economia em desaceleração”, diz o dirigente comunista.

China: Movimentos conscientes

Quanto à política econômica da China, Barroso analisa que os movimentos chineses são conscientes e atendem a objetivos específicos: “a China tem o controle quase completo de sua economia. As duas desvalorizações cambiais promovidas pelos chineses buscam, em primeiro lugar, através do estímulo às exportações, garantir a meta de crescimento de 6,5% a 7% em 2015, crescimento excepcional diante do quadro mundial”. Barroso ressalta que a China tem excelentes condições para enfrentar solavancos como os de hoje, pois conta com uma reserva de aproximadamente 4 trilhões de dólares, sendo 1,7 trilhão em títulos do tesouro americano.

A China também luta para que a sua moeda seja internacionalizada, e para isso pleiteia a inclusão do yuan na cesta de moedas do “Direito Especial de Saque”, do FMI, coisa que até agora não foi alcançada por pressão dos EUA. Assim, Barroso não descarta inclusive que a China esteja lembrando a todos sobre seu atual peso e influência: “A China pode estar dizendo: quando eu fico gripada, o mundo pega pneumonia”.