A crise econômica agrava as rebeliões raciais nos EUA, diz professor

No Especial “Por Dentro dos EUA”, o Portal Vermelho entrevista o professor e doutor em História pela Universidade Livre de Berlim, Francisco Carlos Teixeira da Silva, que faz uma análise conjuntural do contexto social, político e econômico que o país vive.

Por Laís Gouveia

Francisco Carlos Teixeira da Silva radio - Reprodução

Segundo Francisco, a crise econômica do capitalismo é muito individual em partes do mundo e vem mostrando maior agressividade na Europa, Rússia e países emergentes. No caso dos EUA, a sua economia tem apresentando sinais de recuperação positiva, embora os reflexos de superação não tenham refletido da geração de empregos e em novas moradias. O professor alerta que a crise e a ascensão dos negros em espaços que nunca ocuparam antes serviram para aumentar as rebeliões raciais no país. “Há muito tempo não se via nos EUA conflitos sociais dessa proporção e com tal intensidade. Há também uma grande hostilidade com a população hispânica, que vem conquistando cada vez mais espaço”, afirma.

Obama fracassou no combate ao racismo

Manifestante se posiciona em frente a policiais durante protesto contra a morte de Freddie Gray em Baltimore, Maryland, nos Estados Unidos Noah Scialon/EPA/Agência Brasil

O professor considera que não houve avanços no combate ao racismo, com o ingresso do primeiro presidente negro da história dos EUA à presidência do país. “Uma boa parte da elite negra estadunidense imaginou que apenas a presença de um negro na presidência da república, bastaria para servir de modelo antirracista. Isso, no mínimo, é uma ingenuidade, pois o preconceito está profundamente arraigado nas pessoas e instituições, como por exemplo, a polícia local que é extremamente violenta com negros e com a comunidade hispânica, ou seja: A vitória de Obama serviu para gerar um sentimento de rancor ao invés de um exemplo construtivo de combate ao racismo”, avalia.

Eleições presidenciais: Republicanos se superam no discurso conservador

Francisco considera que a ex-senadora e secretária de Estado, Hillary Clinton, seja a candidata mais forte entre os republicanos e democratas. “A candidata tem buscado o voto centrista e da centro direita, considerando que as alternativas dos republicanos são muito ruins, esses que, não excluem o retorno da família Bush à presidência, através do governador da Califórnia, Jeb Bush e o polêmico Donald Trump. Neste sentido, Hillary tem tomado o discurso centrista em relação a política de imigração e a tentativa de combate ao racismo”.
 

A esquerda estadunidense

O Partido Comunista dos Estados Unidos (CPUSA), fundando em 1919, conta com aproximadamente, 5 mil filados e possui uma contribuição histórica na sindicalização dos trabalhadores industriais. Segundo Francisco, o partido rechaça a política externa imperialista estadunidense. “Os comunistas avaliam que o governo americano é como se fosse uma grande oligarquia internacional de grandes financistas”, conclui.

Hillary Clinton e Jeb Bush (Foto-montagem: Stephen Crowley/NYTNS e Roberto Schmidt/AFP




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