Cuba utiliza métodos artificiais para fazer chover por causa da seca

Para aliviar os efeitos da escassez de água em Cuba, que vive a pior seca desde 1901, o governo realizará uma “plantação de nuvens” para fazer chover. Segundo Argelio Fernández, especialista do Instituto Nacional de Recursos Hidráulicos de Cuba, a ‘semeadura de nuvens’, como também é conhecida esta técnica aplicada em outras ocasiões no país para provocar o aumento das precipitações, será realizada de forma aérea.

Cuba utiliza métodos artificiais para fazer chover por conta da seca - Flickr/CC/Abraham Wallin

O processo em Cuba terá início em 15 de setembro e será realizado sobre a bacia do rio Cauto, o maior do país, ao longo de dois meses.
A técnica consiste em localizar nuvens específicas e bombardeá-las com iodeto de prata a partir de um avião, para que a água cristalize e aumente de volume até atingir o peso necessário para se precipitar em forma de chuva.

Fernández explicou que de janeiro até agora Cuba tem registrado o período mais seco desde 1901. As áreas mais afetadas são Santiago de Cuba, Guantánamo, Artemisa e Havana.

Há 11 dias, a Defesa Civil iniciou um chamado para que as pessoas e repartições estatais economizassem água e estivessem alertas quanto à seca, além de reforçar ações de vigilância e controle para frear ilegalidades na infraestrutura hidráulica.

Impactos

A técnica é criticada por alguns ambientalistas e cientistas, que questionam a eficácia da metodologia na real produção de chuva. Além disso, a exposição intensa ou contínua ao iodeto de prata pode causar danos residuais em humanos e outros mamíferos, mas não sequelas crônicas.

Por não ser considerada parte da geoengenharia — conceito que define esforços humanos em grande escala para adaptar os sistemas planetários à mudança climática — a prática não é proibida pela ONU, que, em 2010, determinou que esse tipo de experimento, por seu potencial perigo para a biodiversidade, deveria ser suspenso.

Em entrevista concedida à agência IPS em 2012, a acadêmica Graciela Binimelis, do Centro de Ciências da Atmosfera da UNAM (Universidade Autônoma do México), que estuda a física das nuvens há mais de duas décadas, afirmou que as pesquisas realizadas sobre a semeadura de nuvens não analisaram no solo os efeitos da chuva produzida dessa maneira.

Os experimentos devem durar pelo menos cinco anos para apresentar resultados válidos, segundo os especialistas. “Não são conhecidos impactos positivos ou negativos sobre o meio ambiente. O que se viu ao longo de décadas é que existe uma mudança em como chove, para chuvas mais intensas e mais curtas, mas a quantidade de chuva que cai não mudou tanto”, segundo Graciela.