Aldo rebelo destaca pioneirismo de Alagoas no aproveitamento da cana

 

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, visitou, nesta quinta-feira (27), duas unidades da empresa GranBio no interior de Alagoas: a fábrica de etanol celulósico Bioflex, em São Miguel dos Campos, e a Estação Experimental do grupo em Barra de São Miguel. A companhia brasileira de biotecnologia industrial cria soluções para transformar biomassa em produtos renováveis, como biocombustíveis e bioquímicos.

"Deve-se registrar que a presença dessa empresa e desse centro de pesquisa aqui não é fruto apenas de uma escolha política ou um empenho do governo e dos empreendedores alagoanos. Isso tudo conta, mas o que mais pesa é a tradição de Alagoas nessa área", declarou Aldo, ao final da visita. "O Estado conheceu várias transições tecnológicas, desde a época em que o primeiro engenho foi instalado na região até essa planta, que é o estado da arte da tecnologia do mundo na área da cana e dos seus derivados."

Como exemplo do pioneirismo alagoano, o ministro lembrou que a primeira produção comercial de álcool combustível no Brasil ocorreu na Usina Serra Grande, em São José da Laje, em 1927. "Então, essa biografia assegura e justifica que Alagoas acolha essa iniciativa e se torne uma referência na produção de energia a partir de biomassa. Esse tipo de empreendimento tem todas as condições de dar ao Brasil a liderança inconteste na área", disse.

Aldo acertou com o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Jailson de Andrade, também presente, a ideia de realizar um seminário nacional com especialistas em energia de biomassa. "A intenção é discutir sua viabilidade científica, tecnológica, comercial e econômica, o que pode gerar de renda, emprego e divisas para o País, e porque o Brasil tem as aptidões e as características para liderar esse movimento", adiantou.

Criada em junho de 2011, a GranBio já recebeu R$ 345 milhões de crédito e R$ 10 milhões de subvenção da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI). A companhia mantém, ainda, parceria com o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), em Campinas (SP).

Potencial

Na opinião do vice-presidente de Operações da GranBio, Manoel Carnaúba, a trajetória da empresa indica "uma grande oportunidade para o Brasil neste momento de rearranjo" fiscal. "Eu vejo na biotecnologia o potencial agrícola que esse País tem e a cultura já desenvolvida na agroindústria do açúcar", apontou. "A simbiose desses dois segmentos poderá contribuir muito para que a gente mude a história nacional, dando um salto decisivo nas questões da agenda climática, da geração de emprego e de uma economia limpa e sustentável."

Para o cientista-chefe da empresa, Gonçalo Pereira, o Brasil tem chance de liderar uma revolução, "talvez pela primeira vez na história" em uma área de tecnologia de ponta. "Em vez do petróleo, o açúcar; e no lugar de grandes plantas petroquímicas, fermentação e purificação", ponderou.

Já o vice-presidente de Novos Negócios da GranBio, Alan Hiltner, comentou que nenhuma nação do mundo conseguiria fazer frente ao Brasil em preço. "É como se a gente fosse uma Arábia Saudita da biomassa. A matéria-prima seca vale US$ 100 por tonelada nos Estados Unidos e a gente é capaz de produzir a mesma quantidade por US$ 35. Nosso custo representa um terço", comparou. "Então, este País tem tudo para sediar a indústria de biotecnologia industrial, com uma vantagem competitiva muito grande em relação a todos os demais."

Impactos

A unidade industrial Bioflex 1 é a primeira planta em escala comercial de etanol de segunda geração instalada no Brasil, em funcionamento desde setembro de 2014. A produção utiliza palha e bagaço de cana-de-açúcar, resíduos até então descartados ou queimados nos canaviais. Segundo Carnaúba, a fábrica pode produzir até 82 milhões de litros do biocombustível por temporada.

O prefeito de São Miguel dos Campos, George Clemente, definiu a chegada da Bioflex 1 como um "divisor de águas" para o município, pela geração de emprego e renda e pelo trabalho social que a companhia promove na região. "Já tivemos grandes avanços com um plano intersetorial, melhoramos o nosso Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] e cada vez mais estamos aperfeiçoando a qualidade de vida do povo."

Na visão do secretário da Ciência, da Tecnologia e da Inovação de Alagoas, Pablo Viana, o sucesso da experiência local precisa se converter em uma proposta para o País como um todo. "Nosso Estado tem um histórico no setor sucroenergético, que vem de longas datas, geração após geração, e que tem se demonstrado e continua se demonstrando um setor viável", afirmou.

Inaugurada em maio de 2013, a Estação Experimental de Barra de São Miguel conta com 60 hectares de área e estuda a cana-energia, variedade desenvolvida a partir do cruzamento genético de tipos ancestrais e híbridos comerciais de cana-de-açúcar, além de outras fontes de biomassa.

Por Ascom do MCTI