Educadores da Reforma Agrária ocupam a Esplanada dos Ministérios  

Na manhã desta quarta (23), a partir das 10 horas, os 1500 participantes do 2° Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (2° Enera) realizaram ato público na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os educadores e educadores denunciam o fechamento das escolas no campo e o forte processo de mercantilização da educação pública brasileira. O ato, iniciado no Ministério da Educação, seguiu por outros ministérios.  

Educadores da Reforma Agrária ocupam a Esplanada dos Ministérios - MST

“Segundo os dados disponíveis do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nos últimos 15 anos, mais de 37 mil unidades educacionais a menos no meio rural. É uma média de oito escolas rurais fechadas por dia em todo país. Como se não bastasse, há uma grande a compra de instituições educacionais por grandes grupos empresariais e a influência cada vez mais visível de empresas do agronegócio em linhas pedagógicas de escolas e universidades”, aponta Divina Lopes, integrante da direção nacional do MST.

Para os participantes do 2° Enera, o fortalecimento do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária é prioritário. “Exigimos a construção de 300 novas escolas em áreas da Reforma Agrária, além de mais 100 Centros de Educação Infantil e a garantia de mais 30 Institutos Federais dentro de áreas de assentamentos”, completa Divina.

Outras denúncias

Os educadores também denunciam a paralisação da Reforma Agrária no País. Esta situação se agrava com o ajuste fiscal do governo, que cortou quase 50% dos recursos da Reforma Agrária – de R$ 3,5 bilhões sobraram apenas R$ 1,8 bilhão.

“A política econômica do governo federal coloca em risco a conquista de direitos dos trabalhadores, pois corta recursos financeiros da reforma agrária e da classe trabalhadora para seguir injetando dinheiro no capital financeiro e nas transnacionais, beneficiando os banqueiros e a elite do país”, disse Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.

Os participantes do 2° Enera também manifestam preocupação com o alto grau de utilização de agrotóxicos no Brasil, o que prejudica a saúde do camponês e compromete a educação no campo.

Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 64% dos alimentos estão contaminados por agrotóxicos. Já o Ministério da Saúde registrou 34.147 notificações de intoxicação por agrotóxico entre 2007 e 2014 (MS/DataSUS).

“É absurda, inclusive, a proposta da ministra Kátia Abreu que retira da Anvisa o papel de registro de produtos agropecuários, delegando esta tarefa a outro órgão. É uma tentativa de encobrir os dados alarmantes acerca dos venenos agrícolas”, afirma Nívea da Silva, integrante da coordenação do MST-RJ.