Frente Brasil Popular prepara lançamento no RS dia 3

O ato de pré-lançamento da Frente Brasil Popular no Rio Grande do Sul, realizado no final da tarde desta terça-feira (29), no Plenarinho da Assembleia Legislativa, reuniu 52 dirigentes sindicais de 12 categorias de trabalhadores, lideranças de movimentos sociais como MST, Via Campesina e Movimento de Luta pela Moradia, representantes de entidades estudantis como a União Nacional de Estudantes (UNE) e de dois partidos políticos, PT e PCdoB.

Ato no plenarinho da Assembleia reuniu 52 dirigentes sindicais de 12 categorias de trabalhadores, lideranças de movimentos sociais, partidos, organizações populares e do movimento estudantil. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

O ato teve ainda uma participação especial do deputado estadual Gabriel Souza (PMDB) que, reconhecendo as diferenças políticas em nível estadual, manifestou apoio à luta contra os movimentos golpistas que ameaçam “o governo da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer”. O evento lotou o Plenarinho da Assembleia, numa demonstração de força das entidades que estão empenhadas na organização da Frente Brasil Popular no Estado.

O sindicalista Milton Viário, ex-presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, destacou que mais de cem entidades estão envolvidas no esforço de construção da Frente Brasil Popular em nível nacional. “Pela primeira vez, no período mais recente da história do país, estamos desafiados a construir uma frente desta natureza. Essa é uma necessidade ditada pela conjuntura de acirramento da disputa política no país, com o avanço das pautas conservadores e do projeto neoliberal que nós derrotamos em 2002, que ameaçam o projeto democrático brasileiro”, disse Viário. Essa conjuntura, acrescentou, “exige uma nova composição das forças de esquerda e centro-esquerda no país em torno de uma agenda que compreende a defesa dos direitos dos trabalhadores, de uma política econômica diferente da que está sendo aplicada hoje, da defesa da soberania nacional e do projeto de integração latino-americana”.

Na mesma linha, Abgail Pereira, da direção estadual do PCdoB, advertiu para a ameaça de retrocesso político que paira sobre a democracia brasileira e chamou a atenção para os interesses envolvidos na atual crise política, em especial aqueles relacionados às riquezas do pré-sal. “Estamos falando de 176 bilhões de barris de petróleo o pré-sal, que fazem do Brasil a terceira reserva mundial, atrás apenas da Venezuela e da Arábia Saudita. Não é pouca coisa o que está em jogo”, assinalou. A dirigente do PCdoB também destacou o crescimento de uma onda de ódio e intolerância na sociedade brasileira. “Não é pouca coisa o que aconteceu com o Stédile em Fortaleza e com o Kiko aqui no Rio Grande do Sul”. Haroldo Brito, assessor da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do RS (CTB), foi acusado pelo jornalista Rogério Mendelski, da Rádio Guaíba, de ganhar 50 mil reais para “liderar baderneiros”, numa referência a um ato que estava sendo realizado por entidades sindicais e movimentos sociais contra políticas do governo Sartori. A rádio Guaíba cedeu direito de resposta a CTB e à Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), pedindo desculpas pela conduta do jornalista.

O presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, destacou, por sua vez, o desafio de construir uma unidade política da dimensão que a atual conjuntura exige. “Nós temos um acirramento da luta política em uma dimensão maior que o nossa capacidade atual. Nosso desafio é construir uma frente que não seja para nós mesmos, mas que consiga ampliar e reunir outros setores da sociedade. A ideia com a Frente Brasil Popular não é criar um novo partido, mas tampouco é criar um espaço sem partidos. Nós, do PT, não queremos ser protagonistas deste processo, mas apenas uma parte dele. Tampouco pode ser uma frente meramente para defender o governo. Nosso desafio é retomar um trabalho de luta política e debate, na base da sociedade, que nós erramos em abandonar”, disse Vanazzi.

Ato no Largo Glênio Peres dia 3 de outubro

A primeira manifestação pública da Frente Brasil Popular no Rio Grande do Sul ocorrerá no próximo sábado, dia 3 de outubro, para marcar o aniversário da Petrobras. As organizações que estão construindo a Frente no Estado esperam reunir mais de mil pessoas no Ato em defesa da democracia, de uma nova política econômica e dos direitos do povo brasileiro sobre o petróleo, que será realizado a partir das 10 horas, no Largo Glênio Peres. Neste mesmo dia outros atos semelhantes estarão ocorrendo em outras cidades do país.

Integrante da coordenação nacional da Via Campesina, Cedenir Oliveira, destacou que a iniciativa de constituir a Frente surge em um momento de confluência de crises nos terrenos econômico, social e político. “A crise econômica não será resolvida se implementarmos o projeto neoliberal. Precisaremos fazer rupturas importantes para superarmos esse quadro”, destacou. A Frente Brasil Popular, disse ainda Cedenir, “não pode ser um refúgio para defender o governo. Não podemos nos acovardar perante os equívocos que o governo está cometendo”.
Suelen Aires, do Movimento de Luta pela Moradia, enfatizou a necessidade de unidade que está na origem da proposta de construção de uma frente reunindo movimentos sociais, sindicatos, organizações estudantis, populares e partidos. “Essa frente deve cumprir um papel de médio e longo prazo, voltando a fazer a disputa de ideias na sociedade”, defendeu. Representando a União Nacional de Estudantes (UNE), Thaís Berg também assinalou que a conjuntura de acirramento político no país exige que a esquerda volte a seu unir para combater as ameaças de retrocesso. “A educação é um dos pontos em que o Brasil mais avançou nos últimos anos, por meio de programas como o Reuni. Não podemos permitir retrocessos nesta área”, disse a estudante.

Os dirigentes das centrais sindicais CUT e CTB também fizeram um chamado pela unidade e ampliação de forças em torno da ideia de uma frente. “Faço um apelo aos companheiros que ainda estão olhando a proposta da Frente Brasil Popular com uma certa curiosidade. Isso aqui ainda é um processo em construção, uma iniciativa que não tem donos. Temos a humildade de reconhecer que somos insuficientes ainda para dar conta dos desafios colocados pela conjuntura. Precisamos ampliar”, disse Igor Pereira, da CTB. Na mesma linha, o presidente estadual da CUT, Claudir Nespolo, destacou que as forças que estão se articulando em torno da Frente estão, na verdade, discutindo hoje em que condições vão enfrentar a luta política no Brasil no próximo período. “A novidade que temos hoje no cenário político é que, apesar de o grande capital não ter perdido dinheiro nestes anos em que os mais pobres começaram a ganhar um pouco, surgiu uma direita raivosa que saiu para as ruas vestindo verde e amarelo. Cresceu o ódio da direita, alimentado sistematicamente pelas grandes empresas de comunicação. Esse setor tomou coragem e saiu para as ruas”.

A próxima atividade da Frente Brasil Popular no Rio Grande do Sul será o ato do próximo sábado, no Largo Glênio Peres. Na semana que vem deve ocorrer uma nova reunião para discutir os próximos passos da construção da frente no Estado.

Fonte: Sul 21