Dia Nacional mobiliza o país em defesa da democracia e da Petrobras 

O Dia de Mobilização Nacional em Defesa da Democracia, da Petrobras e contra o Ajuste Fiscal começou a tomar as ruas do país logo cedo da manhã de sábado (3). As manifestações continuaram à tarde em boa parte do Brasil. 

Dia Nacional mobiliza o país em defesa da democracia e da Petrobras - CUT Nacional

O ato, convocado pela Frente Brasil Popular, formada por centrais sindicais, movimentos sociais e estudantis, pintou de vermelho as ruas de várias capitais e principais cidades do país. Em bandeiras, faixas, cartazes e discursos a mesma mensagem em defesa da democracia e da Petrobras, como importante patrimônio do povo brasileiro.

Marcado para o dia de fundação da estatal do petróleo, a data produziu manifestações em 12 estados, tanto para combater as articulações pelo impeachment da presidenta Dilma Rouseff quanto para pressionar o governo para que adote políticas mais à esquerda.

Em algumas cidades, como Teresina, foi realizada atividade de panfletagem. Na Praça Rio Branco, a maior da cidade, os manifestantes distribuíram o texto assinado por entidades sindicais e vários movimentos sociais que integram a Frente, alertando a população de que “a soberania do nosso país tem sido ferida, a sanha entreguista ataca a Petrobras com intenção de desvalorizar e sucatear umas das maiores empresas do mundo, sobretudo com a tentativa de aprovar Projeto de Lei 131/2015 que visa diminuir a participação da Petrobras no regime de partilha do petróleo. O petróleo e o pré-sal pertencem ao povo brasileiro, e são riquezas que devem se transformar em investimentos sociais, beneficiando o povo, tendo em vista aprovação da destinação dos royalties para educação e saúde”.

Em Vitória, no Espírito Santo, cerca de três mil pessoas saíram em marcha do Colégio Normal rumo ao Seminário de Fátima, na zona oeste da cidade. Os manifestantes protestaram contra o ajuste fiscal, em defesa da Petrobras e da democracia.

Na vizinha Belo Horizonte, a concentração começou às 10 horas, na Praça da Rodoviária, reunindo milhares de pessoas. Em caminhada pelas principais ruas do centro da cidade, os manifestantes puxavam palavras de ordem, chamando atenção para a onda de conservadorismo propagado pelos grandes meios de comunicação.

Nos discursos, que se propagavam nas outras cidades, obedecendo ao documento aprovado no lançamento da Frente Brasil Popular, os manifestantes alertavam para os riscos que corre a sociedade brasileira com a onda conservadora que defende o impeachment e até ditadura militar no país.

Tarefa social

Em Salvador, houve uma grande caminhada pelas ruas do Centro da cidade, com concentração no Campo Grande, a partir das 9 horas, reunindo movimentos sociais de diversas frentes de atuação, partidos de esquerda, intelectuais, religiosos e artistas, que se uniram para se manifestar por mais democracia, mais direitos para os trabalhadores, pela soberania nacional e contra a ofensiva de direita em curso que visa desestabilizar o governo e impor uma agenda conservadora ao conjunto da sociedade.

“Precisamos mobilizar a sociedade para evitar um golpe contra a democracia, que provocaria um grande retrocesso nos avanços sociais que conquistamos nos últimos anos. Esta é uma tarefa das centrais, dos sindicatos e de todo o movimento social”, conclamou o presidente da CTB-BA, Aurino Pedreira.

Na Paraíba, o ato promovido pela Frente Brasil Popular realizou uma marcha em direção ao Porto de Cabedelo, que vem sendo ameaçado de cortes no abastecimento de gás e petróleo. Mais de 200 trabalhadores e trabalhadoras, militantes sociais, lideranças políticas e partidárias, dirigentes sindicais e gestores da Companhia Docas Paraíba participaram da mobilização.

Ação de massa

O ato deste sábado é a primeira ação de massa aprovada pela Frente Brasil Popular, lançada no último dia 5 de setembro, em Belo Horizonte (MG), com a participação de mais de dois mil militantes na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que reúne centrais sindicais, movimentos sociais e estudantis, além de movimentos populares.

A atividade também contou com a participação de diversos parlamentares, representantes de partidos políticos, economistas e intelectuais que foram saudar a iniciativa.

A ideia de criar uma Frente partiu de militantes dos movimentos populares, sindicais, de juventude, negros e negras, mulheres, LGBT, pastorais, partidos políticos, intelectuais, religiosos e artistas – diante da necessidade de derrotar a ofensiva da direita conservadora e golpista e propor outra política econômica para o país.

Crise do capitalismo

Na avaliação da Frente Brasil Popular, a crise política e econômica no Brasil é também reflexo de um processo mundial de crise do modelo capitalista. A política econômica de ajuste fiscal adotada pelo atual governo, e medidas impopulares como a redução de alguns programas sociais, têm dado oportunidade a setores conservadores da direita, que contam com apoio da grande imprensa, a imporem sua agenda de retrocesso e de ataque à democracia.

Como um filme que se repete de tempos em tempos, os ataques e tentativas de golpe a governos democrático-populares evidencia a luta de classes e têm objetivo claro: enfraquecer o poder popular não só no Brasil, mas na América Latina, e impor a agenda conservadora derrotada nas urnas.

“A prioridade dos movimentos hoje é construir de forma conjunta uma luta organizada, porque sozinhos somos derrotados. Há necessidade, nesse momento, de unificarmos nossas pautas e priorizarmos nossos pontos de convergência. E esta Frente é resultado disso”, explicou Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT Minas Gerais, no ato de lançamento da frente.