Em Uberlândia, importante quadro da política local se filia ao PCdoB

Atual coordenador do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Edilson Gracioli, vem somar às fileiras comunistas e declara sua filiação ao PCdoB, 

Aos 18 anos, teve contato com a o livro de Frei Betto, “Batismo de Sangue”, e a partir daí com sua atuação na pastoral da juventude, aproxima-se da Teoria da Libertação, tendo o segmento progressista da Igreja Católica a sua porta de entrada no campo da esquerda. Entre 1983 e 1985, tem uma experiência em seminário, onde inicia suas leituras de Marx.

No final de 1985, Graciolli filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT), onde se tornou referência da esquerda católica. Disputou eleições como candidato a vice-prefeito de Jundiaí em 1988, em 1989 é eleito presidente do PT na mesma cidade, e em 1992, candidatou-se a vereador, onde ficou colocado como primeiro suplente do PT. Também em 1992, Edilson realizou um concurso para docente na Universidade Federal de Uberlândia, onde fez carreira atuando junto ao movimento docente, ao Diretório Central dos Estudantes, aos movimentos sociais, sindicatos e onde assumirá o cargo de Diretor do Instituto de Ciências Sociais após vencer eleição essa semana.

Nova perspectiva
Graciolli diz ver no PCdoB a consistência de um programa partidário e a força da ideologia socialista como uma fase de transição para uma sociedade emancipada, comunista. Segundo ele, “há muito tempo me refiro como socialista, mas sempre entendendo do ponto de vista teórico e pratico o socialismo como a transição à utopia de uma sociedade sem classes e sem estado. Nos termos de Gramsci, sociedade autorregulada, de Mészáros, sociedade emancipada. Mas, fico com a designação de Marx, sociedade comunista”.

Edilson diz também que, no espectro da esquerda atual, vê o PCdoB com a melhor leitura de conjuntura, como um partido que entende a importância estratégica de resistir ao golpismo e da conclusão do mandato da presidenta Dilma. Graciolli enxerga o PCdoB com “uma militância disciplinada, orgânica e capaz de enfrentar a conjuntura difícil que vivemos sem cair nas esparrelas do esquerdismo, do divisionismo da esquerda e das soluções fáceis”.

Desafios da esquerda
Graciolli é categórico e direto nesse ponto. Para ele, os desafios da esquerda estão bem divididos no espaço temporal. Em curto prazo, deve-se resistir ao golpismo, defendendo a democracia reconquistada com muita luta e sangue, sem deixar de ser uma voz lúcida e crítica dentro da base do Governo. Em médio e longo prazo, Edilson diz ser importante o não negligenciamento da formação política dentro dos partidos. “Acho que a formação que se dá por meio da prática iluminada pela reflexão é essencial”.

Ele afirma que a “utopia continua” e que se deve tencionar a ordem vigente para além dos limites da luta institucional, no sentido de aprofundar e alargar a limitada democracia, de ampliar a base social de apoio pra que assim possamos dar saltos qualitativos.

Já em Uberlândia, Graciolli afirma os desafios do plano nacional se recolocam no local, uma vez que o Governo de Gilmar Machado está na mira de forças reacionárias e conservadoras.

Segundo ele, na cidade, as tarefas envolvem dois desafios: Recolocar no centro da luta as ocupações urbanas e rurais e entender como resistir a um fascismo com a cara do agronegócio. “Aqui os traços fascistas vem de pick-up motor 2.8, um embate pesado”.