Crise e comércio na pauta da visita de diplomatas suíços a Luciano 

Uma pequena delegação suíça composta pelo embaixador André Regli, pelo cônsul geral Giancarlo Fenini e pelo cônsul honorário no Recife, Rodolfo Fehr, foi recebida nesta quarta-feira (7) pelo vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira. Segundo o embaixador, além da visita protocolar o grupo participará de conferência promovida pela Embaixada da Suíça, que vai reunir na cidade todo o corpo diplomático daquele país no Brasil, nos próximos dois dias.  

Crise e comércio na pauta da visita de diplomatas suíços a Luciano - Audicéa Rodrigues

Questionado pelo vice-prefeito sobre a possibilidade de novos negócios e investimentos suíços em Pernambuco, o embaixador destacou que existem mais de 300 empresas de seu país operando no Brasil, citando nominalmente a Nestlé, as quais, assegurou, continuam investindo em seus negócios por acreditarem no potencial do nosso país.

"Lógico, que existe agora uma crise econômica, que, talvez, seja bem mais política, mas as empresas suíças estão vendo o potencial brasileiro. O problema é que as nossas empresas sempre procuram investir em São Paulo, que está saturado. Nossa orientação, no entanto, é que busquem investir na Região Sul, em Minas Gerais, e por que não, no Nordeste. Então, nosso objetivo nessa visita é ver também como está Pernambuco e outros estados da região", explicou o diplomata.

O vice-prefeito concordou que a crise que nós atravessamos é, sobretudo, política. "É possível que, como acontece em toda as partes do Mundo, a partir do momento em que o governo central se entenda com o Congresso Nacional essa crise será superada, e a recente reforma ministerial tem esse sentido. Essa reforma vai ajudar em muitos aspectos, inclusive, porque altera a situação na Câmara dos Deputados, pois, no Brasil, é impossível governar em colisão com o Poder Legislativo", avaliou.

Efeitos da crise global

Luciano fez ainda uma breve análise da atual crise econômica."Nós sofremos aqui os efeitos da crise global, que demoraram a se fazer sentir em nosso país. Isso porque, se adotou, desde 2008, ainda no governo do ex-presidente Lula, um modo de enfrentar a crise que se apoiou primeiro em um certo volume de investimentos industriais, mas, sobretudo, nas potencialidades do próprio mercado interno", disse.

Ele destacou ainda outras medidas adotadas pelo governo brasileiro que minimizaram efeitos da crise mundial, tais como a política de valorização do salário; de aumento da renda média dos assalariados de modo geral; a facilidade de crédito e o estímulo ao consumo; a desoneração fiscal parcial para setores da indústria, especialmente para o setor automotivo, visando evitar o fechamento de postos de trabalho, "o que seria um desastre, pois atingiria toda uma cadeia produtiva, desempregaria em massa".

O vice-prefeito do Recife lembrou que essas medidas deram certo até o final de 2014. "Agora, nós estamos vivendo uma nova fase da crise no Mundo, que atinge duramente os chamados países emergentes, periféricos, como a própria China, que hoje é o principal parceiro comercial do Brasil. O fato é que atravessamos um momento de profundo desequilíbrio nas contas públicas, que é preciso corrigir, como acontece em qualquer parte, o chamado ajuste fiscal, doloroso, ainda mais combinado com a política de juros altos e a redução dos investimentos. Entretanto, nós somos otimistas e acreditamos que é possível superar esse momento, quem sabe já no final do primeiro semestre do ano que vem", afirmou.

Oportunidades de negócios

Em relação a Pernambuco, Luciano ressaltou o "novo pulso" na industrialização do estado, ocorrido nos últimos 15 anos, tanto com a instalação de indústrias de tecnologia de ponta, bem como pelo retorno ao estado de indústrias tradicionais, como a indústria têxtil, por exemplo. "O ponto de partida dessa retomada foi a decisão do ex-presidente Lula de sediar em Pernambuco a refinaria de petróleo, que atraiu outros investimentos conexos e todo esse boom industrial que se espalha além de Suape até o interior. Mais recentemente, a Fiat instalou sua fábrica em Goiana, que se tornou também um novo polo de expansão industrial".

A conversa girou ainda sobre o comércio praticado hoje entre o Brasil e a Suíça e a "necessidade" de maior abertura do mercado brasileiro para o mundo, defendida pelo embaixador suíço. Pernambuco exporta para o país europeu chapas plásticas, sucos de frutas e têxteis, e importa soros, vacinas e máquinas.

Nesta sexta-feira (9), o vice-prefeito Luciano Siqueira receberá a visita protocolar do embaixador da Bélgica, Josef Smets.

Audicéa Rodrigues
Do Recife