Nardes é investigado por fraudes fiscais na Operação Zelotes

As suspeitas sobre a conduta de Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e relator do processo que julga as contas do governo federal em 2014, ganhou mais um ingrediente. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo desta quarta-feira (7), Nardes é alvo de investigação na Operação Zelotes, por suposto envolvimento dele em esquema fraudulento de anulação de dívidas fiscais.

Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes

Enquanto o ministro afirma que "fará história" no julgamento das contas pelo TCU, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal encontraram indícios de que Nardes pode ter recebido R$ 1,65 milhão da SGR Consultoria, uma das principais empresas investigadas na Zelotes.

Nesta terça-feira (6), a Justiça Federal decidiu que os autos serão encaminhados à Procuradoria-Geral da República (PGR), para que opine sobre o prosseguimento das investigações. Isso porque, como ministro do TCU, Nardes tem prerrogativa de foro privilegiado e só pode ser investigado e processado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nardes foi sócio, até 2005, de uma empresa chamada Planalto Soluções e Negócios, registrada em nome de seu sobrinho, Carlos Juliano. Segundo os investigadores, o ministro e seu sobrinho receberam na Planalto vários pagamentos da SGR Consultoria, que teria corrompido conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para favorecer empresas que recorreram ao órgão para discutir multas.

A Planalto Soluções e Negócios é uma das empresas investigadas pela Operação Zelotes, que apura fraudes com a comprar decisões do Carf, órgão do Ministério da Fazenda que julga recursos de empresas contra multas aplicadas pela Receita Federal. Os pagamentos, no valor total de R$ 2,6 milhões, teriam ocorrido entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012, quando Nardes já era ministro do TCU.

As suspeitas da ligação aumentam porque o dono da Planalto é o ex-conselheiro do Carf José Ricardo Silva, apontado como um dos cabeças no esquema investigado na Operação Zelotes.

As provas levantadas são baseadas nas informações obtidas a partir da quebra de sigilo bancário da SGR, de anotações encontradas em escritórios da empresa e de interceptações de telefonemas e e-mails.