“A poesia resiste”, diz Augusto de Campos, prêmio Ibero-americano

"A poesia resiste, apesar de tudo", disse Augusto de Campos ao receber, na noite desta quarta-feira (7), das mãos da presidente do Chile, Micelle Bachelet, o Prêmio Ibero-americano de Poesia Pablo Neruda 2015, no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno. O prêmio, anual, é concedido pelo Conselho Nacional da Cultura e das Artes (CNCA) do Chile e, pela primeira vez, é entregue a um escritor de língua portuguesa.

Augusto de Campos - MinC

A solenidade contou com a presença do ministro da Cultura chileno, Ernesto Ottone, e do ministro da Cultura brasileiro, Juca Ferreira, entre outras autoridades e familiares do escritor.

Bachelet defendeu uma aproximação cultura entre Brasil e Chile. "Apesar de sua enorme presença artística no mundo, apesar da beleza arrasadora e da popularidade de sua música, apesar de tantas boas razões, a cultura do Brasil continua sendo um pouco alheia para nós chilenos, e essa estranheza nos empobrece", disse a presidente.

Juca Ferreira destacou a importância da obra de Augusto de Campos. "A poesia concreta se estende para o plano conceitual, para o plano do cinema, da produção de imagem, da música". O ministro comentou a coincidência de Augusto de Campos ser o homenageado, deste ano, da Ordem do Mérito Cultural, que será entregue no Dia Nacional da Cultura, 5 de novembro.

Augusto de Campos

"Foi mais que uma surpresa", comentou o poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e música. "Minha poesia é experimental, que lida com territórios desconhecidos ou pouco frequentados pela literatura convencional", explicou Augusto, criador – junto a seu irmão Haroldo de Campos e a Décio Pignatari – do Movimento Concretista no Brasil. "Jamais poderia imaginar que me outorgassem um prêmio".

Em novembro, Augusto de Campos receberá outro prêmio: coincidentemente, será o homenageado da Ordem do Mérito Cultural, no dia 5 de novembro, em Brasília.