Cordel Umbilical (Outros Poemas): Versos para Luis Barbosa

A 23 do mês de julho
No dia da vaquejada
Lá no sítio Santo Antônio
Houve uma festa animada
Mas logo que começou
Tudo de súbito mudou
Com a notícia da virada

Todos os anos Toinho
Festeja com alegria
A grande festa do gado
Lá na sua moradia
Faz convite a muita gente
Reunindo os seus parentes
Comemoram aquele dia

Neste ano infelizmente
Seus planos saíram errado
Quando pensava fazer
Bonita festa de gado
Mas logo que começou
Triste notícia chegou
Que o carro tinha virado

Narro em poucas palavras
A morte do cidadão
Luiz Barbosa Amorim
Natural deste torrão
Teve uma morte fatal
Quando vinha na Rural
E perdeu a direção

Não se sabe qual razão
Do grande acontecido
Porque ele vinha só
O caminho bem conhecido
Aí o carro virou
Então Jesus lhe chamou
Seu dia estava escolhido

A festa estava animada
Gente de todo lugar
Os vaqueiros ansiosos
Para o gado derrubar
Toinho com alegria
Não pensava na agonia
Que havia de passar

Seu sogro vinha buscar
Uns amigos na cidade
Mas ele disse que vinha
Era chofer de verdade
Ninguém podia pensar
Que ele vinha encontrar
A sua infelicidade

Quando menos esperava
Um amigo telefonou
Dizendo Luiz Batista
A sua Rural virou
Barbosa passando mal
Se encontra no Hospital
Foi tudo quanto informou

O movimento aumentou
Sem se saber a verdade
Chegaram primeiro os carros
Com os médicos da cidade
Afirmando aquela gente
Barbosa não está doente
Morreu na realidade

Foi uma fatalidade
Saber do acontecido
Pois ali se encontrava
Todo o povo reunido
A festa muito animada
Mas a notícia chegada
Mudou tudo de sentido

Era um homem destemido
Tinha uma vida ditosa
Casado a poucos anos
Viviam num mar de rosa
Deixo aqui esclarecido
Era um dos filhos querido
De Adélia e Toinho Barbosa

Mas a morte é rigorosa
E não respeita ninguém
Leva o pobre, leva o rico
Leva o bom e o mal também
Quando vem é um castigo
Então leva nosso amigo
Para residir no além

Para amenizar a saudade
Aqui na terra ficou
Um filhinho do casal
A herança do amor
Pois a vida é como um véu
Hoje Barbosa está no céu
E a sua esposa ficou

Tudo enfim terminou
Naquela manhã saudosa
23 do mês de julho
Que festa maravilhosa
Quando a notícia chegou
Dizendo a Rural virou
Se encontra morto Barbosa

Que notícia espinhosa
Para chegar de repente
Numa festa de vaquejada
Onde havia muita gente
Todo mundo perturbado
Todavia a festa do gado
Teve um fim tristemente

Lamentava toda a gente
Aquela separação
Chorava amigo e parente
Pai, mãe, primo e irmão
Sogro, sogra e conhecido
Lamentavam o acontecido
Que abalou nosso sertão

Rapaz, menino e ancião
Chorava aquela partida
Branco, preto, pobre ou rico
Traziam a alma sentida
Por ver ficar tão sozinho
Aqui na terra um filhinho
E sua esposa querida

Não se sabe a nossa vida
Até o dia que vai
Ele era bom amigo
Bom esposo e ótimo pai
Um professor competente
Ensinava aquela gente
De nossa escola SENAI

Da nossa mente não sai
Tristonha separação
Seus colegas de ofício
Velavam seu caixão
Daquele estabelecimento
Saiu o acompanhamento
Em busca do seu torrão

O SENAI ficou de luto
Naquele dia de dor
Os alunos deram provas
De lealdade e amor
Pois o golpe foi fatal
Sentiram de modo geral
Colegas e diretor

Lá no Sítio Santo Antônio
Foi a sua sepultura
Onde nasceu e criou-se
Meiga e boa criatura
O momento era chegado
Jesus havia levado
Sua alma limpa e pura

Antes de ser sepultado
Foi à Igreja primeiramente
Aonde o Monsenhor Costa
Amigo daquela gente
O seu corpo recomendou
E contrito celebrou
Missa de corpo presente

Depois para o cemitério
O seu corpo foi levado
Com prantos, lamentos e choro
Saiu bem acompanhado
Abalou o sítio inteiro
Da família foi o primeiro
Que lá ficou sepultado

Terminou-se o grande sonho
De uma vida conjugal
Ninguém calcula a dor
Da separação de um casal
Seus pais perderam o sentido
Vendo seu filho querido
Passar por golpe fatal

Deixo as minhas condolências
Aquela esposa chorosa
Luiz e Maria Amélia
Adélia e Toinho Barbosa
Tios, primos e camaradas
Irmãos, parentes e cunhados
E a juventude saudosa

É uma história espinhosa
Que acabei de narrar
Também à Dona Estefânia
Vou meus pêsames levar
Fiquei pesarosamente
Sou amiga daquela gente
Que Deus há de consolar

Peço para desculpar
Todo erro encontrado
Não vivo de poesia
Narrei um triste passado
E deixo como divisa
O perdão da poetisa
Se os versos estão errados