New York Times acusa Pentágono de mentir sobre Afeganistão

A honestidade do Pentágono sobre o que acontece no Afeganistão atualmente foi posta em dúvida nesta terça-feira (13) por um editorial do diário estadunidense The New York Times.

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O artigo opinativo indica que novos dados da ONU, publicados pelo jornal na segunda-feira (12) e apoiados por entrevistas com funcionários locais, mostram um panorama ainda mais sombrio, de uma insurgência em expansão, que se estendeu através do país mais que em qualquer momento desde que o governo do Talibã foi derrubado na invasão de outubro de 2001.

Os funcionários das Nações Unidas avaliam o nível de ameaça como alto ou extremo em aproximadamente metade dos distritos administrativos do país, em contraste com dados oferecidos pelo general John Campbell, o comandante americano no Afeganistão, quando testemunhou diante do Comitê de Serviços Armados do Senado na semana passada.

O comandante militar disse a senadores que as forças de segurança afegãs mantêm o controle do país, das capitais de províncias e dos distritos.

Entretanto, segundo o periódico, os talibãs conseguiram importantes avanços nas últimas semanas e cortaram, dentre outras ações, uma estrada na província de Baghlan, que era um bastião do governo.

Ao mesmo tempo, agrega, em muitos distritos que estão nominalmente sob o controle do governo, da mesma forma que Musa Qala na província de Helmand e em Charchino, na província de Oruzgan, as forças militares afegãs mantêm sob controle apenas os edifícios governamentais nos centros dos distritos e estão sob constante assédio dos insurgentes.

O editorial reflete o contraste entre a imagem oferecida pelo Pentágono e o que é divulgado pelo relatório da ONU, e diz que essa situação mostra como os militares americanos manipulam os fatos para fazer com que seja mantido o apoio do pública americano às guerras desenvolvidas pelo país.

Frequentemente os militares americanos repassam avaliações enganosas e otimistas dos esforços nos campos de batalha e menosprezam relatórios que contradizem suas "narrativas", segundo destaca o texto.

Na opinião do diário, o Congresso e a opinião pública devem conhecer a situação real no Afeganistão e evitar que se produza uma política desastrosa naquele país.

Na atualidade, a Casa Branca, a pedido das autoridades de Cabul, considera a possibilidade de atrasar a retirada, marcada para 2016, dos quase 10 mil soldados estadunidenses que permanecem em território afegão.