Levy fica, mas tem de mudar política de ajuste, defende Paulo Vannuchi

Em entrevista nesta segunda-feira (19), à rádio Brasil Atual, Paulo Vannuchi, analista político e ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, afirma que o jornal Folha de S. Paulo se dedica ao "jogo de intrigas" e só ofereceu espaço ao presidente do PT justamente para causar tal "cizânia".

Paulo Vannuchi Instituto Lula e ex-ministro dos direitos Humanos

Ele se refere às especulações sobre a permanência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reforçadas com a entrevista do presidente do PT, Rui Falcão, ao jornal em que ele defende a mudança dos rumos da economia com redução dos juros e aumento do crédito.

Para ele, diante da arapuca armada pelo Folha, não restou outra saída à presidenta Dilma a não ser a declaração dada em viagem no exterior de que Levy "fica". Caso contrário, a presidenta teria sua autoridade contestada, avalia.

"Falo que Levy é o nó principal porque a política de ajustes do ministro é uma política que vai gerar um descontentamento social e popular ainda crescente", alerta o analista, que pede por medidas que façam "renascer a esperança" na economia brasileira, com medidas de estímulo ao consumo e ao crédito.

Vannuchi lembra que 2016 é ano eleitoral e que o PT não pode permitir que esse cenário de descontentamento se some à aversão ao partido, decorrente da campanha de "demonização" propalada pelos veículos de imprensa, que ele chama de Partido da Mídia. O resultado, segundo ele, é que, além de massacrada nas urnas pela direita, as forças de esquerda, setores dos movimentos sociais e dos trabalhadores, se perguntariam se vale a pena defender o governo frente a medidas "tão recessivas e tão neoliberais".

Uma saída apresentada por Vannuchi é que a presidenta encomende a Levy um programa de reativação da economia. Com medidas de estímulo ao crédito e ao consumo, ainda antes do fim do ano, e caso o ministro resista, estaria aberto o precedente para que Dilma o retire, ou o ministro sinta-se impelido a sair.