Ciro Gomes: "Se a economia crescer, acaba o problema político"

Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-ministro do governo Lula, disse que a adoção de uma nova agenda econômica deve nortear a ação política das forças progressistas. Ele participou de debate promovido pela Frente Brasil Popular, em São Paulo, nesta quinta-feira (23)

Ciro Gomes - Reprodução

“Eu acho que nós deveríamos ter uma agenda bem prática, que começasse com o compromisso de entender a interdição da relação do poder executivo presidencialista brasileiro com o Congresso Nacional atual, na forma como ele está desenhado”, afirmou.

Ciro defendeu a atuação em duas frentes que considera fundamentais: a redução dos juros e maior intervenção do governo no mercado de câmbio, medidas que, segundo destacou, “o governo não teve a menor audácia de fazer”.

“Reduzir dois pontos na taxa de juros permite economizar algo ao redor de R$ 78 bilhões no exercício de 2016, e some miraculosamente o déficit (de R$ 50 bilhões) que está na proposta orçamentária. Mas o que que isso vai causar? A economia brasileira é tão resiliente, e está tão no fundo do poço, que em julho de 2016 ela volta a crescer. E se a economia voltar a crescer acabou o problema político”, disse.

Ciro atribui à Frente Brasil Popular, criada em setembro com o aval de mais de 50 entidades de esquerda, a obrigação de estabelecer um novo diálogo político e destruir o que ele chama de “novilíngua”, em referência ao romance 1984, de George Orwell.

“Essa frente tem a obrigação também de destruir a novilíngua, e explicar para o povo o que são as pedaladas, e o que é swap cambial, porque a população brasileira que está sacrificada vai entender, como entendeu na eleição”, afirmou, em relação à vitória de Dilma, apesar da campanha contra da grande mídia.

Ciro diz que a ilegitimidade do processo de impeachment levará a uma grande mobilização das forças progressistas. “Assina aqui para a gente ir para a rua. Aí o povo vai, e na hora será que a gente não tem um terço da Câmara, com a liminar que o Supremo nos deu para proteger, aí é pedir para ir embora mesmo, se for para se render, se entregar, fazer negócio, negociata com essa gente, eu por exemplo estou muito perto de ir para a oposição, mas não vou enquanto eu considerar que a democracia está em risco”, confessou.