Presidenta da ANPG alerta sobre efeitos nocívos da pós-graduação paga

Em mais uma ação que tenta causar retrocesso no país, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (21), a proposta de Emenda à constituição (PEC), que permite que as universidades públicas cobrem mensalidade para cursos de extensão, pós-graduação lato sensu e mestrados profissionais. A presidenta da Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG), Tamara Naiz, denuncia ao Portal Vermelho os impactos nocivos que a medida pode gerar aos estudantes.

Por Laís Gouveia

Presidenta da ANPG alerta sobre efeitos nocívos da pós-graduação paga

Segundo Tamara, há uma grande preocupação com a aprovação da PEC. “A medida não diz respeito apenas a pós-graduação, também permite a cobrança das extensões. No caso da extensão, que é uma atividade fim da universidade, criada para a instituição de ensino se voltar pra sociedade e não se fechar em si mesma, já ocorre hoje, por grande das IES públicas, cursos de extensão cobrados (como línguas estrangeiras), mas se a PEC for aprovada nosso temor é que a extensão se resuma a isso”, afirma.

A presidenta da ANPG afirma que a cobrança pelos mestrados profissionais é a maior preocupação da entidade, pois há o risco de desconstituir todo o sistema nacional de pós-graduação, hoje tido como nível de mais qualidade da educação no país. “Acreditamos que os programas que tem apelo de mercado migrarão para essa modalidade (como engenharias, administração, entre outros), os que não tem (como áreas de arte, filosofia, etc.), serão desnutridos. De modo que o mestrado acadêmico vai ser enfraquecido de morte”.

Tamara diz que mesmo no caso das especializações, que muitos argumentam que são voltadas para mercado, não é bem assim que funciona. “Exemplo disso é que a maioria dos professores brasileiros são apenas especialistas, e quem mais cursa nas Instituições de Ensino Superior Públicas são os próprios funcionários públicos, por meio de convênios, inclusive, onde as empresas pagam”.

Nenhum direito a menos para educação

A dirigente estudantil afirma que a ANPG está empreendendo diversas ações na luta contra tal medida. “Estamos em conjunto com o movimento educacional, movimento nacional de pós-graduandos, academia, movimentos sociais e, parlamentares contrários à PEC. Acreditamos que essa matéria exige ampla discussão da sociedade. Temos que refletir muito antes de romper com o que há de mais avançado na legislação brasileira sobre educação que é o princípio da gratuidade”, conclui.