Movimento mundial exige que EUA retire suas bases militares da AL

A ingerência dos Estados Unidos nos países da América Latina e Caribe está longe de ser novidade. Especialistas afirmam que existem entre 70 e 80 bases ao todo, incluindo as de Guantánamo, território cubano ocupado pelo país de Barack Obama em 1903. Para exigir a soberania do continente é que especialistas de 27 países se reúnem entre os dias 23 e 25 desde mês no 4º Seminário Internacional de Paz e pelo Fim das Bases Miliares Estrangeiras.

Manifestação contra base naval em Guantánamo - Andy Worthington

O Portal Vermelho conversou com a Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz, que este ano é um dos organizadores do seminário. Ela explica que o objetivo do encontro é estabelecer uma agenda de luta pela paz e pelo fim das bases militares em todo o continente, mas principalmente em Guantánamo, por ser a mais simbólica.

“Os Estados Unidos implementaram essas bases em Guantánamo pela força bruta que ameaçam a soberania do povo cubano e de todos os países do Caribe e da América Latina, por isso nós vamos debater as estratégias de luta contra esta ingerência”, afirmou Socorro.

Para a presidenta do Conselho Mundial da Paz estas bases não têm outro objetivo senão aterrorizar e intimidar os povos latino-americanos e caribenhos. “Geram um clima de insegurança que fortalece essa onda de terrorismo que nós vemos no mundo todo. Aqui na América Latina temos até um braço da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], que é a ocupação das Ilhas Malvinas, da Argentina”.

Segundo o presidente do Movimento Cubano Pela Paz e Soberania dos Povos, Silvio Platero, a maior delegação no seminário este ano será a dos Estados Unidos, com 103 ativistas. A expectativa é que mais de 200 delegados de 27 países participem.

Para o dirigente, a Base Naval de Guantánamo é o centro de tortura mais cruel e desumano do planeta. Atualmente há mais de 100 prisioneiros, detidos por supostos atos terroristas, mas no entanto nenhum deles foi julgado ou teve seus crimes esclarecidos.

Reunião do Conselho Mundial da Paz

O Comitê Executivo do Conselho Mundial da Paz vai se reunir em Guantánamo, entre os dias 20 e 21, antes do seminário, com o objetivo de avaliar o atual cenário global e as ações concertadas na luta anti-imperialista, no intuito de fortalecer o movimento pela paz e avançar com propostas concretas.

Para Socorro, esta é uma oportunidade de extrema importância na demonstração da solidariedade internacional ao povo cubano, tanto na comemoração pelos importantes avanços das suas causas (como a libertação dos cinco heróis cubanos detidos nos EUA e a própria retomada de relações diplomáticas com o país), mas também para o reforço da luta pelo fim do bloqueio criminoso imposto à ilha revolucionária e pela devolução do território usurpado de Guantánamo.


Movimentos organizados de 27 países vão definir agenda de lutas contra a ingerência dos Estados Unidos 

A agenda do Comitê Executivo é diversa e representa as várias e urgentes prioridades dos povos atualmente, na luta contra a militarização do planeta, contra as políticas de ingerência belicista impulsionadas pelo imperialismo, pela abolição das armas nucleares, a persistência do colonialismo e o neocolonialismo, entre outras, com o empenho decidido pela dissolução da Otan como a "máquina de guerra do império" entre os apelos centrais por ação de unidade.

Os membros do Conselho Mundial da Paz preocupam-se com a escalada da violência no Oriente Médio e na África, principalmente devido à ação imperialista de desestabilização e ingerência, de apoio incondicional ao sionismo israelense e sua ocupação sobre os territórios palestinos, ameaçando também seus vizinhos árabes, o ressurgir do fascismo e da extrema-direita na Europa e na América Latina, com ameaças golpistas para conter o avanço progressista e soberano dos últimos anos, as manobras militares de ameaça e acosso da Otan e seu expansionismo em direção à Rússia, as ingerências dos Estados Unidos também na vizinhança da China, com o apoio à remilitarização do Japão, entre outros temas prementes na agenda de lutas do movimento pela paz.

A solidariedade aos povos em resistência à guerra, à ocupação, à ingerência e às intentonas golpistas, como é o caso do Saara Ocidental, da Palestina, da Venezuela, da Síria, de Cuba, entre tantos outros, abastece e fortalece as organizações membros do Conselho Mundial da Paz pela consolidação de uma intensa programação de ações concertadas, enfrentando a ameaça de guerra disseminada para demandar respeito à vontade dos povos de todo o mundo de paz, justiça, cooperação e igualdade. A ênfase nessa determinação é essencial para a mobilização e a inclusão de cada vez mais movimentos sociais nessa luta compartilhada contra o imperialismo.