Clima de intolerância chega à escola em apostila com mensagem anti-PT

O clima de ódio, intolerância e desrespeito que atingiu o ambiente político nos últimos tempos agora é propagado até mesmo entre as crianças. Em uma escola municipal de Caraguatatuba (SP) – cidade administrada pelo prefeito Antonio Carlos da Silva, do PSDB -, alunos receberam este mês uma apostila que contém frases agressivas contra a presidenta Dilma Rousseff e seu partido, o PT. 

Apostila traz agressões ao PT

Em exercícios de língua portuguesa sobre o o uso da vírgula, o texto diz: "O PT é ladrão, traidor e enganador (vírgula separando predicativos)". Em outro tópico, a apostila menciona o nome da presidenta em mais uma frase permeada pela calúnia e pela difamação: "Dilma, a presidenta, e seus 40 ladrões afundaram o país (aposto)".

O material impresso foi entregue a estudantes de duas salas do 9º ano da escola municipal Antônia Antunes Arouca, no bairro Massaguaçu. O conteúdo das frases é semelhante ao que tem sido utilizado por estriônicos integrantes da oposição e que rebaixa a política e a democracia. A onda de intolerância, muitas vezes estimulada por alguns veículos de comunicação, agora quer penetrar até nas escolas.

O jornalista Antonio Santiago, pai de um aluno, contou ao G1 que seu filho lhe mostrou a apostila enquanto estudava para uma prova. "Meu filho foi fazer uma cirurgia em São Paulo e recebeu esse material para estudar enquanto se recuperava. Procurei a escola e me disseram que foi um grande engano do professor. Acredito que é papel da escola formar, não doutrinar nossos filhos", disse. Mais que uma tentativa de doutrinação, o ocorrido pode ser classificado como crime de injúria.

Em nota à imprensa, a Secretaria Municipal de Educação informou que distribuiu aos alunos duas apostilas fornecidas pelo governo do estado e uma pelo governo federal e que o material com as agressões a Dilma e ao PT foi utilizado por um professor, sem conhecimento da diretoria da unidade.

"A Secretaria apurou que um professor da escola Antônia Antunes Arouca, do bairro do Massaguaçu, utilizou para avaliação de duas salas de aula, do 9º ano, textos de uma apostila, que não pertence à rede municipal de educação, sem conhecimento da secretaria e da diretoria da escola. A Secretaria já identificou o professor e instaurou um processo administrativo, para apuração dos fatos", diz a nota, sem nomear o educador.

A coordenadora regional do PT, Rose Gaspar, classificou o caso como 'infeliz' e disse que estuda entrar com ação judicial. "Lamentável que a educação municipal permita que esse tipo de agressão ou intolerância ocorra dentro de uma escola. Acho infeliz. Estou aguardando as provas chegarem para sabermos quais seguimentos vamos dar junto ao nosso jurídico", disse.

A onda de intolerância no país tem se proliferado desde que a presidenta Dilma Rousseff se reelegeu. Com a oposição sem aceitar o resultado das urnas e recorrendo aos mais variados expedientes para tentar deslegitimar a vitória da petista, o clima hostil vai sendo alimentado por lideranças e veículos de comunicação.

Nesse cenário, políticos têm sido agredidos nas ruas, apoiadores do PT são hostilizados e até mesmo algumas sedes do partido foram atacadas. Isso para não mancionar os manifestantes golpistas que acampavam em frente ao Congresso e portavam armas brancas e dispararam tiros contra uma marcha pacífica. Publicações, como e ravista Veja – que estampou em sua capa uma montagem grosseira do ex-presidente vestido de presidiário -, ajudam a alimentar o clima de ódio, que agora ameaça adentrar até mesmo nas escolas.